terça-feira, 14 de maio de 2013

9º Domingo do Tempo Comum ano C

HOMILIA DO 9º DOMINGO DO TEMPO COMUM –C
“Nem em Israel encontrei tão grande fé”
Caros irmãos e irmãs em Cristo,
Celebramos hoje o 9º Domingo do Tempo Comum. E a liturgia apresenta-nos o tema da fé como núcleo da nossa vida cristã. De facto, as leituras que acabamos de escutar (1Res 8,41-43[1], Gl 1,1-2.6-10[2] e Lc 7,1-10[3]) nos mostram que a salvação universal de Deus é um dom, uma graça que nos é dada mahala pela nossa fé em Cristo Jesus. Assim, a fé do centurião de Cafarnaum, serve de exemplo para todos os que crêem em Jesus e na sua Palavra redentora.
No decurso do Ano da fé, a nossa relação com Cristo deve amadurecer e frutificar como consequência da fé e resposta à Palavra anunciada. Por isso, a compreensão deste mistério é progressiva e se dá por obra do Espírito dentro da comunidade. É a vida concreta da comunidade com seus problemas, seus conflitos, que dá ocasião a uma tomada de consciência cada vez mais clara da identidade de Jesus e da própria comunidade. O ingresso dos pagãos na Igreja primitiva mereceu-nos o conhecimento da Boa Nova que nos reúne e saboreamos hoje. O único mediador da salvação para todos é Cristo e não a lei. Ele é o templo da nova aliança entre Deus e o homem, é o único lugar do encontro com Deus. Paulo vê claramente que a dependência ao legalismo dos judeus significa o esvaziamento do evangelho.
O centurião que é apresentado no Evangelho de hoje, faz uma admirável síntese de fé, de humildade e de confiança. Já era bastante duro para um romano o ter de pedir um favor a um judeu. Mas ele descobre em Jesus um profeta, cuja Palavra é eficaz como a do próprio Deus. E isto lhe basta. O centurião romano está consciente de não pertencer ao povo eleito, e sabe que para um judeu suporia impureza entrar em casa de um pagão. Por isso não se crê digno de hospedar a Jesus.
Caríssimos, assim como ouvimos no Evangelho do domingo passado (Lc 6,39,45), “a boca fala da abundância do coração”. Cada um de nós é convidado a traduzir a sua fé em Cristo através de gestos concretos de caridade, gestos de amor, gestos de perdão, gestos de solidariedade e gestos de justiça. Portanto, quando a Palavra de Deus está no centro da vida e dá forma aos pensamentos, sentimentos e ações, o homem caminha, com segurança, ao encontro da realização plena, da vida definitiva. São Paulo, escrevendo aos Gálatas, apela-nos a permanecer fiéis ao Evangelho que nos foi anunciado e do qual fomos baptizados. Quantas vezes vacilamos pela onda de cultos estéreis e sem sentido? Durante esta semana procuremos viver esta mensagem fazendo com que a nossa fé aconteça na família, no serviço, no lazer, etc. Porque ser cristão implica deixar-se penetrar e transformar por Cristo e esforçar-se por cumprir, a cada instante, a vontade de Deus vivendo de acordo com os valores propostos por Jesus nas bem-aventuranças.
Examinemos a nossa vida: como tenho vivido a minha relação com Cristo? Qual tem sido o alimento da minha fé? Que dificuldades me impedem realizar um sincero e honesto encontro com Cristo? Que aspectos da minha vida pessoal e familiar a melhorar na minha relação com os irmãos?
E para que tudo isto aconteça segundo a vontade de Deus roguemos a intercessão sempre actuante do Espírito Santo para que ilumine a nossa fé e desperte o amor à Palavra de Deus. Ámen.


[1] Salomão reza para que Deus atenda os estrangeiros – Na grande oração da dedicação do templo, Salomão não reza apenas pela casa de Davi e o povo de Israel, mas também pelos estrangeiros, que ai virão adorar o Deus de Israel e do Universo. E o templo será casa de oração para todas as nações. Deus quer ficar acessível às necessidades de todos os homens.
[2] O Evangelho de Paulo. Depois da pregação de Paulo agora vieram outros missionários confundindo as jovens comunidades, impondo costumes judaicos (a circuncisão) também aos cristãos de origem pagã (estes missionários consideravam o cristianismo como uma variante do judaísmo). Paulo escreveu a presente carta com intensa preocupação. Não se trata de sua pessoa, mas da pureza de seu Evangelho. A garantia desta pureza é que Deus, que ressuscitou o Cristo dos mortos, também chamou a Paulo.
[3] A fé do centurião. Lucas descreve o centurião como um homem que teme a Deus, um pagão que serve de exemplo tanto para os judeus quanto para nós hoje. Lucas revela-se aqui como o evangelista “ecumênico”, descobrindo os valores “pré-cristãos” em todo o mundo. A fé em Deus quebra as fronteiras legais e atinge todas as veias espirituais do crente penetrando-o completamente.

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