terça-feira, 30 de abril de 2013

HOMILIA SOBRE O MATRIMÓNIO


Seminário Teológico Interdiocesano S. Pio X






 HOMILIA
Meus queridos noivos: Ofélio e Atija,
Prezados irmãos e irmãs,
Amado povo de Deus,
Celebramos hoje a graça da união matrimonial de Ofélio e Atija. E a Liturgia da Palavra que nos é oferecida hoje exprime de modo peculiar a importância e a dignidade do matrimónio.
A primeira leitura que escutamos hoje nos monstra que o ser humano é a criatura mais sublime de Deus porque foi criado à imagem e semelhança do seu Autor. Portanto, “Deus o criou homem e mulher” (Gn 1,27). Os dois são chamados a formar uma só carne, a formar uma família, a formar uma pequena Igreja doméstica, a formar uma vida totalmente voltada para as propriedades essenciais do matrimónio: a unidade a indissolubilidade. Os esposos cristãos, dotados de igual dignidade, mútua doação e indiviso amor que brota da fonte divina da caridade, se esforcem por alimentar e promover a sua união conjugal; e assim, partilhando juntamente as realidades divinas e humanas, na prosperidade e na provação, perseverem fiéis de corpo e espírito, absolutamente afastados do adultério e do divórcio.
De facto, O Matrimónio é constituído pela aliança conjugal, isto é, pelo consentimento irrevogável de ambos os cônjuges que livremente se entregam e se recebem. Esta singular união do homem e da mulher assim como o bem dos filhos exigem e requerem a plena fidelidade dos esposos e a unidade indissolúvel do vínculo matrimonial.
É bom lembrarmos que o sacramento do matrimónio nasce da graciosidade dos nubentes que se dão e se recebem com pura e cândida liberdade. Hoje o Ofélio e a Atija irão se unir pelo matrimónio com genuína liberdade, cientes de que na fidelidade de um ao outro por toda a vida servirão um ao outro na reciprocidade e mútua doação de vida e de amor. Igualmente, eles serão capazes de educar os filhos que Deus os conceder dentro da Santa Igreja. Trata-se de uma educação que parte do exemplo dos próprios pais que devem, à luz da Eucaristia e dos Sacramentos, viver uma intensa vida de fé e pastoral, engajando-se na vida da comunidade dos crentes, para que a sua nova família seja totalmente permeada pelos mais santos sentimentos cristãos.
Assim, não se esqueçam os nubentes que este pacto, esta aliança é um sacramento por toda a vida, conforme a advertência do próprio Cristo: “Portanto, não separe o homem o que Deus uniu” (Mt 19,6). Por isso, a íntima comunhão de vida e de amor, pela qual os esposos “já não são dois mas uma só carne”, foi instituída por Deus Criador, dotada de leis próprias e envolvida por uma bênção singular, que nem o castigo do pecado original veio a destruir.
Caríssimos, São Paulo escrevendo aos Efésios exorta-nos a “viver no amor, como Cristo nos amou e se entregou a si mesmo a Deus por nós!”. Portanto, o Ofélio e a Atija, unidos numa só carne, são chamados ao amor mútuo, recíproco, gratuito, gracioso, incondicional, desinteressado, abnegado, sem recompensa, apaixonado e totalmente voltado um para o outro. A sua união representa a união perpétua de Jesus com a sua Esposa, a Santa Igreja como prelúdio da Igreja celestial que contempla Deus face a face na comunhão dos santos e dos anjos.
Aliás, pelo Baptismo, chamado precisamente o sacramento da fé, o homem e a mulher inserem-se, uma vez por todas e para sempre, na aliança de Cristo com a Igreja, de modo que a comunidade conjugal que eles formam seja associada à caridade de Cristo e dotada da virtude do seu sacrifício. Este Matrimónio desejado à luz da fé, preparado, celebrado e assumido na vida quotidiana, “é unido pela Igreja, confirmado pela oblação eucarística, selado pela bênção, anunciado pelos anjos e ratificado pelo Pai. Mais, são verdadeiramente dois numa só carne e onde a carne é única, único é também o espírito”.
É claro que eles vão passar por dificuldades e situações difíceis, mas quando o amor é construído de dentro para fora e quando os dois entendem a missão e a responsabilidade do que estão fazendo, com Deus fica tudo fácil. Mais fácil, não porque Deus facilita, mas porque eles têm consciência da escolha, que envolve renúncia, capacidade de esquecer-se de si pelo outro, e o grande propósito de fazer feliz primeiro o meu amor e não a mim. A missão da esposa é fazer feliz o esposo e a do esposo é fazer feliz a esposa. Colocar um ao outro no céu, isto é santidade; é um percurso de imolação amorosa e definitivamente grata.
Este é o vinho que nunca poderá faltar no lar desta nova família sacramentalmente constituída a partir de hoje que testemunhamos. Como nas bodas de Caná (cf Jo 2,1-12), é o vinho novo do Espírito Santo que Jesus e Maria vieram oferecer a este novo casal. Daí a garantia de que não lhes vai faltar compreensão, perdão, paciência, fidelidade e principalmente o amor. Porque o garante da sua felicidade não são eles mesmos, nem os seus esforços, ou qualquer outra coisa, mas é o próprio Deus, que garante com a sua graça que este casamento vai ser para sempre feliz.
A nós, familiares, amigos e convidados, bem como a Igreja de Cristo, cabe-nos a obrigação de velar espiritualmente pelo matrimónio destes nubentes, o Ofélio e a Atija, para que, depois de uma vida longa e feliz, possam, com o auxílio da graça de Deus, alcançar o Reino dos Céus.
Abençoe Deus Altíssimo ao novo casal de Ofélio e Atija e que nunca falte neste novo lar a materna protecção da Virgem Santa Maria e do fogo sempre inspirador do Espírito Santo.
Maputo, 30 de Abril de 2013
Pe Kant








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