domingo, 25 de julho de 2010

TEMPOS ÍDOS

TEMPOS ÍDOS

Longe da minha terra cogito com dor prazerosa os encantos encantadores da minha "pátria de heróis". Vivia naquele ambiente sem saudades do ar puro natural; ar da natureza pura e da pura natureza da minha terra longínqua. Divertia sem medo de ser violado sexualmente por um pensamento globalizado que intenta derrubar-me a vida de pensador e recordava com saudade nostálgica, em cada noite de insónia, as brincadeiras que desenhava com amigos da caça, com amigos do desporto, com colegas da escola, com coetaneos da aldeia e com toda malta que se aproximam de mim.
Ao bando dos que retesavam suas radoeiras para prender as ratazanas, e aos que bradavam maquinações extrovertidas contra a natureza atemporal, hoje vestem-se de velhice juvenil e percorrem o tempo debulhando angústias malogradas de um futuro divorciado nas brincadeiras sem fim.


Os tempos são outros! Os tempos de ontem havidos na alegria, vivídos na angústia, semeados no vazio, sepultados na ignomínia, na esperança do amanhã que não vem, esses já eram. Jamais os teremos. E é indefinível mesmo conquanto dealbamos vida inteira, na sua curteza, ruminando o que fomos ontem, o que somos hoje, o que seremos amanhã, quem lá sabe, o que ainda não sabemos vir a ser, se vamos sê-lo ou não.


Na verdade, os tempos são outros! Agora não se pensa nem se vive o ontem porque já escapa-nos cabalmente embora tenha rastos do que se tenha feito. Nem tão pouco se projecta o amanhã porque equidistante como é , julga-se ser o tempo que não existe na realidade, nem existirá jamais. Pois quando a humanidade evolui os tempos e as circunstâncias, igualmente, mudam o seu curso normal.


O futuro não é futuro, é o tempo actual, agora, que vivo e reconheço que vivo e não duvido disso. Eis a razão porquê maior parte dos viventes deste século de velocidades e de florescimento de academismo diz: "estou a fazer faculdade x ou y, portanto, estou a estudar; estou a construir minha casa; estou... estou " é uma minfinda colectânea de concretudes que não são dadas para amanhã, porém, hoje, aqui e agora.


Os tempos são outros! Os tempos ídos já não voltam jamias. Há já tempos imemoráveis ignorava-se quase por completo a ideia de um mundo global. Mas hoje vivemos mergulhados numa desconfiança desconfiante e em constante insegurança connosco mesmos e com os demais concidadãos cujo destino todos abraçaremos, ricos ou pobres, feios ou bonitos, belos é a MORTE.


O foço das diferenças entre os abastados e os incólumes é cada vez enorme. Os "omnipotentes" perpetuam subjugar os impotentes e estes, passam noites dolorosas com trabalho indumentáriol, insignificante, doloroso e sem recompensa. E aqueles curtem a vida na leveza e sem dúvidas da sua certeza multiplicação de bens. O abismo da diferença e a diferença do abismo é galopante quando pensado o fogo derradeiro que abrasa os corações dementes da gente ignóbil que misereia a vida e morre na vanguarda dos sem si.


Os tempos são outros! Precisamos de outros tempos, tempos férteis e verdejantes; tempos ensurdecidos e ensurdecedores; tempos néscios e lascivos; tempos equilibrados e ajustados aos moldes dos nossos tempos;


precisamos de tempos, tempos outros, outros tempos. Os tempos ídos já não voltam jamais.

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