segunda-feira, 26 de julho de 2010

UM EMPREGO DESTACÁVEL

UM EMPREGO DESTACÁVEL
Grande parte da juventude, sobretudo a moçambicana, atraca verdadeiras batalhas por um emprego de maior realce social. Com efeito, vemos diariamente jovens que pulam de um emprego para outro, de um sector para outro, de uma empresa para outra; uma infinda lista de pulos descompassados, e porque não, multiplicar cursos universitários e somar títulos académicos, tudo para obter prestígios e adquirir o melhor emprego da praça.
“A vida de hoje não é fácil!” Este é o maior dos argumentos passíveis. Há uma hierarquização entre a vida do passado: uma vida que não se viveu, e a vida de hoje enquanto hoje, nas suas angústias e alegrias, melancolias e êxitos. Na verdade, cada um é maestro e dançarino, cantor e pianista da própria música. Cada um segue o compasso para onde sente mais inclinação do timbre de sua música.
Nesta dinâmica, não ficam aquém os jovens de ontem, os velhos de hoje que se sentem impulsionados pelo fogo da velocidade que impinge a juventude globalizada. Decerto, estamos mergulhados num abismo encadeado que nos impele a carcomer a nossa vida, a despender as nossas forças para apupar a loucura do infortúnio e insónia que domam maior parte dos aventureiros e insatisfeitos.
Queiramos ou não, precisamos de novos tempos advindos do nosso esforço de assaz gratidão.
Os tempos são outros! Os tempos de ontem havidos na alegria, vividos no afogo, semeados no oco, sepultados na ignomínia, na esperança do amanhã que não vem, esses já eram. Jamais os teremos. E são indefiníveis mesmo conquanto dealbamos vida inteira, na sua curteza, ruminando o que fomos ontem, o que somos hoje, o que seremos amanhã, quem lá sabe, o que ainda não sabemos vir a ser, se vamos sê-lo ou não.
Na verdade, os tempos são outros! Agora não se pensa nem se vive o ontem porque já escapa-nos cabalmente embora tenha rastos do que se tenha feito. Nem tão pouco se projecta o amanhã porque equidistante como é, julga-se ser o tempo que não existe na realidade, nem existirá jamais. Pois quando a humanidade evolui os tempos e as circunstâncias, igualmente, mudam o seu curso normal.
O futuro não é futuro, é o tempo actual, agora, que vivo e reconheço que vivo e não duvido disso. Eis a razão porquê maior parte dos viventes deste século de velocidades e de florescimento de academismo diz: "estou a fazer faculdade x ou y, portanto, estou a estudar; estou a construir minha casa; estou... estou". É uma incalculável colectânea de episódios que não são exorcizados para amanhã, porém, hoje, aqui e agora.
Os tempos são outros! Os tempos idos já não voltam jamais. Há já tempos imemoráveis ignorava-se quase por completo a ideia de um mundo global. Mas hoje vivemos mergulhados numa desconfiança desconfiante e em constante insegurança connosco mesmos e com os demais concidadãos cujo destino todos abraçaremos, ricos ou pobres, feios ou bonitos, belos ou desgarrados: é a MORTE.
O foço das diferenças entre os abastados e os incólumes, míseros é cada vez enorme. Os "omnipotentes" perpetuam subjugar os impotentes e estes, passam noites dolorosas com trabalho indumentário, insignificante, pungente e sem recompensa. E aqueles curtem a vida na leveza e sem dúvidas da sua vera multiplicação de bens. O abismo da diferença e a diferença do abismo é galopante quando pensado o fogo derradeiro que abrasa os corações dementes da gente ignóbil que misereia a vida e morre na vanguarda dos sem si.
Os tempos são outros! Precisamos de outros tempos, tempos férteis e verdejantes; tempos ensurdecidos e ensurdecedores; tempos néscios e lascivos; tempos equilibrados e ajustados aos moldes dos nossos tempos; carecemos de um emprego vestido eternamente da cor dos nossos sonhos coevos para não voltarmos a gritar a dor hodierna. Precisamos de tempos, tempos outros, outros tempos. Os tempos idos já não voltam jamais. A vida é uma luta desmedida entre o abismo do triunfo e o da derrota.

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