terça-feira, 1 de março de 2011

RESUMO DO DECRETO SOBRE O ECUMENISMO

INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa apresentar de forma sucinta o conteúdo central do Decreto sobre o Ecumenismo (Unitatis Redintegratio). Iremo-nos ocupar de três pontos principais e de maior destaque nomeadamente:

 Os princípios do ecumenismo católico;

 A prática do ecumenismo;

 As igrejas separadas da Igreja Católica.

Unitatis Redintegratio sobre o Ecumenismo é um Decreto do Concílio Vaticano II que foi promulgado solenemente no dia 20 de Novembro de 1964 por Sua Santidade, o Papa Paulo VI. De antemão é importante realçar que o movimento ecuménico tem como objectivo primário, «promover a restauração da unidade entre todos os cristãos. Pois, Cristo Senhor fundou uma só e única Igreja» . Participam deste movimento os que invocam Deus Trino e confessam a Cristo como Senhor e Salvador, não só individualmente mas também reunidos em assembleias.



1. OS PRINCÍPIOS DO ECUMENISMO CATÓLICO

O sagrado mistério da unidade da Igreja tem como supremo modelo e princípio, a unidade dum só Deus, o Pai e o Filho no Espírito Santo, na Trindade de pessoas. Portanto, Cristo Jesus quer que o seu povo cresça mediante a fiel pregação do Evangelho e vai aperfeiçoando a sua comunhão na unidade: na confissão duma só fé, na comum celebração do culto divino e na fraterna concórdia da família de Deus.

E a união do Filho ao Pai é outro factor que move à prática do ecumenismo «Para que todos sejam um, como tu, Pai em mim e eu em ti; para que sejam um em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste» (Jo 17,21). Por outro lado, sabe-se que pelo Espírito Santo, Jesus chamou e congregou na unidade da fé, esperança e caridade o povo da Nova Aliança, que é a Igreja. Assim, o Espírito Santo habita nos crentes, enche e rege toda a Igreja, realiza a comunhão dos fiéis e une a todos tão intimamente em Cristo, que é princípio da unidade da Igreja.

O movimento ecuménico visa a superar os obstáculos, existentes entre os nossos irmãos separados e a Igreja Católica, quer em questões doutrinais e às vezes também disciplinares, quer acerca da estrutura da Igreja, que são por vezes muito graves, à plena comunhão eclesiástica. As divisões dos cristãos impedem a Igreja de realizar a plenitude de catolicidade que lhe é própria naqueles filhos que estão separados da sua plena comunhão. E até para a própria Igreja se torna mais difícil exprimir na realidade da vida sob todos os aspectos a sua plena catolicidade.



2. A PRÁTICA DO ECUMENISMO

A solicitude na restauração da união vale para toda a Igreja, tanto para os fiéis como para os pastores. Essa preocupação já manifesta de certo modo a união fraterna existente entre todos os cristãos, e conduz à unidade plena e perfeita, segundo a benevolência de Deus. Neste longo processo de diálogo ecuménico é necessário a conversão do coração porque não há verdadeiro ecumenismo sem conversão interior. É que os anseios de unidade nascem e amadurecem a partir da renovação da mente (cf. Ef 4,23), da abnegação de si mesmo e da libérrima efusão da caridade. Todos os cristãos tanto melhor promoverão e até realizarão a união dos cristãos quanto mais se esforçarem por levar uma vida mais pura, de acordo com o Evangelho. O movimento ecuménico tem como alma a conversão do coração e a santidade de vida, juntamente com as orações particulares e públicas pela unidade dos cristãos.

Para a prática do ecumenismo é preciso conhecer a mente dos irmãos separados, ou seja, adquirir um melhor conhecimento da doutrina e história, da vida espiritual e litúrgica, da psicologia religiosa e da cultura própria dos irmãos separados. A sagrada teologia e as outras disciplinas devem ser ensinadas também sob ponto de vista ecuménico, de modo que respondam mais exactamente à verdade das coisas.

É absolutamente necessário que toda a doutrina seja exposta com clareza. Ao mesmo tempo, a fé católica deve ser explicada mais profunda e correctamente para que seja compreendida também pelos irmãos separados. Todos os cristãos professam diante do mundo inteiro a fé em Deus Uno e Trino, no Filho de Deus encarnado, nosso Redentor e Salvador. A cooperação de todos os cristãos exprime vivamente aquelas relações pelas quais já estão unidos entre si e apresenta o rosto de Cristo Servo numa luz mais radiante.



3. AS IGREJAS SEPARADAS DA IGREJA CATÓLICA

Na história da Igreja houve dois grandes cismas: o de Oriente por contestação das fórmulas dogmáticas dos concílios de Éfeso e Calcedónia, depois pela ruptura da comunhão eclesiástica entre os patriarcados orientais e a Sé Romana; e o de Ocidente provocado pela Reforma. Assim, para levar a cabo uma prudente acção ecuménica estabelecem-se as seguintes considerações:



3.1. Consideração peculiar sobre as igrejas orientais

Entre os orientais prevaleceu e prevalece a solicitude e o cuidado de conservar na comunhão de fé e caridade aquelas relações fraternas que devem vigorar entre as igrejas locais como entre irmãos. No empenho à restauração da plena comunhão desejada entre as igrejas orientais e a Igreja Católica, é preciso ter em conta a peculiar condição de origem e do crescimento das igrejas do Oriente e da índole das relações que vigoravam entre elas e a Sé Romana antes da separação. Como essas igrejas, embora separadas, têm verdadeiros sacramentos, e principalmente, em virtude da sucessão apostólica, o sacerdócio e a Eucaristia, ainda se unem muito intimamente connosco. Assim, conhecer, venerar, conservar e fomentar o riquíssimo património litúrgico e espiritual dos orientais é da máxima importância para guardar fielmente a plenitude da tradição cristã e realizar a reconciliação dos cristãos orientais e ocidentais.

O Concílio Vaticano II estabelece que para restaurar ou conservar a comunhão e a unidade, é preciso «não impor nenhum outro encargo além do necessário» (Act 15,28). Veementemente deseja também que nas várias instituições e formas de vida da Igreja, se envidem todos os esforços para uma gradual concretização desta unidade, principalmente pela oração e pelo diálogo fraternal em torno da doutrina e das necessidades mais urgentes do mistério pastoral de hoje.



3.2. Igrejas e comunidades eclesiais separadas no Ocidente

As igrejas e comunidades eclesiais, que se separaram da Sé Apostólica Romana já pelos fins da Idade média, ou em tempos posteriores, continuam ligadas à Igreja Católica pelos laços de uma peculiar afinidade devida à longa convivência do povo cristão na comunhão eclesiástica durante os séculos passados apesar das discrepâncias consideráveis, sobretudo, de interpretação da verdade revelada.

O baptismo constitui o vínculo sacramental da unidade que liga todos os que foram regenerados por ele. O baptismo, porém, de per si é o início e o exórdio, pois tende à consecução da plenitude de vida em Cristo. Por isso, o baptismo ordena-se à completa profissão da fé, à íntegra incorporação na obra da salvação, tal como o próprio Cristo o quis, e finalmente à total inserção na comunhão eucarística. Assim, é necessário que se tome como objecto do diálogo a doutrina sobre a ceia do Senhor, sobre os outros sacramentos, sobre o culto e sobre os ministérios da Igreja. O diálogo ecuménico deve começar com a aplicação moral do Evangelho, à luz das palavras do Apóstolo «Tudo quanto fizerdes por palavra ou por obra, fazei tudo em nome do Senhor Jesus Cristo, dando graças a Deus Pai por Ele» (Col 3,17).

A acção ecuménica não pode ser senão plena e sinceramente católica, isto é, fiel à verdade que recebemos dos Apóstolos e dos padres, e conforme à fé que a Igreja Católica sempre professou, e ao mesmo tempo tendente àquela plenitude mercê da qual o Senhor quer que cresça o seu corpo no decurso dos tempos.



CONCLUSÃO

Este Decreto sobre o Ecumenismo é um documento essencial através do qual se podem traçar caminhos que levem ao diálogo ecuménico salutar. É nesta vertente que o Sagrado Concílio louva os esforços que são envidados no sentido de incrementar a acção ecuménica que tende a aumentar ulteriormente. E, exorta aos bispos de todo o mundo para que a promovam com interesse e prudentemente a dirijam. Os futuros pastores e sacerdotes devem estudar a teologia bem elaborada sob ponto de vista ecuménico.

Como vimos, ao longo da História da Igreja, deram-se várias divisões entre os cristãos. Esta divisão entre os cristãos é um escândalo e é por isso que a Igreja sempre trabalhou pela unidade. Daí surge o movimento ecuménico que tem como objectivo conseguir a união de todos os cristãos. Na Igreja Católica, o movimento ecuménico procura:

 Eliminar palavras, juízos e obras ofensivas que não apresentam com verdade a condição dos irmãos separados;

 Reunir com os cristãos das diversas igrejas para dialogar, explicando a doutrina da própria comunidade; Organizar campanhas de oração em comum;

 Examinar a fidelidade da Igreja a Jesus Cristo e empreender a obra de renovação contínua. Como não existe verdadeiro ecumenismo sem conversão interior, toda esta obra só pode ser feita se todos os cristãos souberem manter-se em atitude de escuta da palavra e do Espírito de Deus. O Concílio Vaticano II diz: «É preciso que os católicos reconheçam e apreciem com alegria os valores cristãos do património comum que se encontra nos nossos irmãos separados» (cf. UR 15).

O modelo e princípio que impulsiona a promoção da unidade da Igreja e dos fiéis é a unidade dum só Deus, o Pai e o Filho no Espírito Santo, na Trindade de pessoas.

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