terça-feira, 1 de março de 2011

«ARREPENDEI-VOS E ACREDITAI NO EVANGELHO»



Caros irmãos, a caminhada cristã exige, do homem e da mulher, paragens, momentos de reflexão e de reencontro consigo mesmo no seu interior e a busca apaixonada do “Tesouro escondido nos nossos corações”, Cristo Jesus. Com este itinerário, o nosso “Principal dever é o testemunho de Cristo que temos obrigação de dar pela vida e pela palavra, na família, no grupo social e no ambiente profissional” (cf. AG 21). Portanto, a vocação cristã dá uma dignidade como membros do povo sacerdotal, profético e real, e dá uma missão muito envolvente: transformar a humanidade com Cristo, conforme o plano de Deus Pai.

Ora, o cristão, unido a Cristo pelo baptismo, compromete-se a viver a vida nova, a conformar-se com Cristo até à comunhão plena com Deus, que é o objectivo da redenção. Deste modo, ele precisa, de facto, de uma conversão ininterrupta que o leve a “contemplar Deus face a face” (cf. Ex 33,20 ).

Estamos à porta da Quaresma – tempo apropriado para a conversão e preparação da Páscoa. Por isso mesmo, precisamos de nos arrependermos e acreditar no Evangelho que nos é anunciado e deixarmo-nos transformar pela força do Espírito Santo. Durante os 40 dias de Quaresma, somos convidados a sair das trevas do pecado para a luz da fé. Portanto, o tempo quaresmal é o período em que, à luz dos 40 anos da caminhada do povo de Israel pelo deserto, os cristãos confrontam suas vidas com a do Senhor. Assim, a Quaresma reúne os catecúmenos e os fiéis na celebração do mistério pascal.

O tempo quaresmal começa com a imposição das cinzas. Entre os israelitas a cinza lançada sobre a cabeça era sinal de luto penitencial e, a Igreja impõe a cinza aos fiéis como rito penitencial e convite à conversão. Com efeito, os fiéis, recebendo as cinzas, entram no tempo destinado à purificação da alma. Com este rito penitencial, surgido na tradição bíblica e conservado na práxis eclesial até aos nossos dias, é indicada a condição do homem pecador, que, exteriormente, confessa a sua culpa diante de Deus e exprime, assim, a vontade de conversão interior, na esperança de que o Senhor seja misericordioso com ele. Por meio desse mesmo sinal, inicia o caminho da conversão que culmina na celebração sacramental da penitência.

Mais do que um tempo rotineiro da vivência cristã, o tempo da Quaresma destina-se a preparar a Páscoa. E, ao longo deste tempo, as leituras, em suma, apresentam as exortações à penitência e uma síntese de todo o mistério da salvação. Portanto, a Quaresma nos leva a aprofundar a conversão num tom mais sublime mediante a penitência, oração mais intensa, reflexão e meditação da acção de Cristo, no mistério central e culminante de Sua vida, que é a Sua paixão, morte e ressurreição. Esse processo renova anualmente a vida de cada cristão, das comunidades e de toda a Igreja. Todos somos convidados a aceitar com humildade a morte temporal de Cristo como consequência dos nossos pecados e, ao mesmo tempo, nos comprometamos a lutar contra o mal; a formação de uma sociedade justa procurando ajustar o desnível social. Devemos lutar pela promoção e libertação total da pessoa humana na sua dimensão terrena e transcendente porque «A evangelização não seria completa se não tomasse em conta a relação entre o Evangelho e a vida concreta, pessoal e social dos homens» (EN 29). Aliás, a chamada à conversão feita pelo anúncio do Evangelho, é também chamamento à conversão das estruturas sociais de pecado.

Bem-haja para todos.

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