EXORTAÇÃO PÓS-SINODAL “ECCLESIA IN ÁFRICA”

No capítulo II, dá-se ênfase sobre a força do testemunho de vida, o papel essencial do matrimônio e da vocação, e a necessidade de formação adequada para todos os agentes de evangelização. Daí que os critérios para o discernimento teológico sobre a inculturação serão dados com ênfase na perspectiva da Igreja como família de Deus, especialmente na área de liturgia, celebrações eucarísticas e na administração de alguns sacramentos: Batismo e Matrimônio. Realça-se no documento que o mais importante desafio para a Igreja em África é saber sua identidade singular e sua missão para que a sua mensagem seja pertinente e credível. (cf. Nº 21).

Os Padres Sinodais puseram em evidência alguns valores culturais que constituem seguramente uma preparação providencial à transmissão do Evangelho em África. Eles notaram que os africanos têm um profundo sentido religioso, o sentido do sagrado, o sentido da existência de Deus criador e de um mundo espiritual. Na cultura e na tradição africana, o papel da família é considerado por todo o lado como fundamental. As culturas africanas têm um sentido muito vivo da solidariedade e da vida comunitária (nº 43).
O Sínodo assinalou a urgência de proclamar a Boa Nova, na África, a milhões de pessoas ainda não evangelizadas. Certamente a Igreja respeita e estima as religiões não cristãs, professadas por tantas e tantas pessoas no Continente Africano, pois elas constituem a expressão viva da alma de largos sectores da população (nº 47); Com razão, afirmam os Padres Sinodais que «o profundo interesse por uma inculturação verdadeira e equilibrada do Evangelho se torna necessário para evitar a confusão e a alienação na nossa sociedade, a braços com uma rápida evolução» (nº 48).
A Assembleia Especial sublinhou a importância do diálogo ecuménico com as outras Igrejas e comunidades eclesiais, e ainda do diálogo com a religião tradicional africana e com o islamismo (nº 66). O diálogo há-de ser praticado, antes de mais, no seio da Igreja-família, a todos os níveis (nº 65). Quanto à religião tradicional africana, um diálogo sereno e prudente poderá, por um lado, proteger de influências negativas que, frequentemente, condicionam o modo de viver de muitos católicos, e, por outro, assegurar a assimilação de valores positivos, como a crença num Ser Supremo, Eterno, Criador, Providente e Justo Juiz, que se harmonizam bem com o conteúdo da fé. Podem mesmo ser considerados como uma preparação ao Evangelho, porque contêm preciosas semina Verbi [sementes do Verbo], capazes de levar, como já sucedeu no passado, um grande número de pessoas a « abrir-se à plenitude da Revelação em Jesus Cristo, através da proclamação do Evangelho» (nº 67).
Notou-se, também, que «o futuro do mundo e da Igreja passa através da família». Outra tarefa fundamental que a exortação pôs em evidência, é o cuidado pelas vocações ao sacerdócio e à vida consagrada: importa discerni-las com sabedoria, fazê-las acompanhar por formadores capazes, controlar a qualidade da formação oferecida. É necessário, portanto, «que a nova evangelização seja centrada no encontro com a pessoa viva de Cristo» (nº 79) A evangelização deve atingir o homem e a sociedade em todos os níveis da sua existência.
O Sínodo considera a inculturação uma prioridade e uma urgência na vida das Igrejas particulares, para a real radicação do Evangelho em África. Dado que a inculturação implica «a íntima transformação dos valores culturais autênticos pela sua integração no cristianismo» e, por outro, «o enraizamento do cristianismo nas várias culturas (nº 59).

Em conclusão, a Segunda Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos é um momento importante para a Igreja-Família de Deus em África. É um kairos (cf. Mc 1,15). A necessidade de reconciliação no continente é hoje mais urgente do que nunca. A Igreja-Família de Deus em África, fiel à sua vocação de anunciar a Boa Nova do Evangelho, deseja abrir-se mais e mais para a missão ad intra no próprio continente e ad extra para as Igrejas de outros continentes em contato com ela. Em seu trabalho, a força do Evangelho vai fornecer energia para a Igreja-Família de Deus a serviço da reconciliação, justiça e paz. Com Maria, a Igreja na África está aberta à acção do Espírito Santo para que, em e através de seus membros no continente, a face da terra possa ser renovada.
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