quarta-feira, 14 de setembro de 2011

ECCLESIA IN ÁFRICA

EXORTAÇÃO PÓS-SINODAL “ECCLESIA IN ÁFRICA
Aqui está um rápido resumo da Exortação pós-sinodal “Ecclesia in África”. Este "plano de acção pastoral" engloba uma introdução, sete capítulos e uma conclusão. Brevemente a Exortação inclui o seguinte: No Capítulo I, o Santo Padre enuncia o Sínodo é "um evento histórico eclesial de capital importância para o continente africano". O Capítulo II apresenta uma breve história da evangelização em África, começando desde os primeiros séculos da era cristã aos nossos dias. Aqui se paga tributos brilhantes para os missionários de diversas épocas e nacionalidades que deram suas vidas para a propagação da Igreja em África. O Capítulo III trata as principais tarefas da evangelização em termos dos cinco principais temas do Sínodo: a proclamação, a inculturação, o diálogo, justiça e paz e os meios de comunicação social. No Capítulo IV, o Papa examina os desafios enfrentados pela Igreja em África, à luz do terceiro milénio cristão. O Capítulo V passa a analisar algumas estratégias para enfrentar os desafios identificados nos capítulos anteriores. No Capítulo VI, o Papa analisa o papel profético da Igreja na construção do Reino de Deus de justiça, paz e amor dentro da realidade que a África enfrenta hoje. O Capítulo VII reflecte sobre a questão mais importante da missão não apenas para nós mesmos na África, mas também para todo o mundo. Na seção final, o Santo Padre assegura-nos que Deus não abandonou a África e que o Evangelho de Cristo é boa notícia também para o nosso Continente.
No capítulo II, dá-se ênfase sobre a força do testemunho de vida, o papel essencial do matrimônio e da vocação, e a necessidade de formação adequada para todos os agentes de evangelização. Daí que os critérios para o discernimento teológico sobre a inculturação serão dados com ênfase na perspectiva da Igreja como família de Deus, especialmente na área de liturgia, celebrações eucarísticas e na administração de alguns sacramentos: Batismo e Matrimônio. Realça-se no documento que o mais importante desafio para a Igreja em África é saber sua identidade singular e sua missão para que a sua mensagem seja pertinente e credível. (cf. Nº 21).
A Assembleia Especial quis justamente acrescentar que a evangelização é também uma missão que o Senhor Jesus confiou à sua Igreja, sob a guia e a força do Espírito Santo. Todavia, é necessária a nossa cooperação através da oração fervorosa, duma grande reflexão, de projectos adequados e da mobilização de todos os recursos (nº 25). O desígnio que Deus tem de salvar a África, está na origem da difusão da Igreja neste Continente. Ora, sendo a Igreja, segundo a vontade de Cristo, por sua natureza missionária, segue-se daí que a Igreja em África é chamada a assumir ela própria um papel activo ao serviço do projecto salvador de Deus. Por isso, disse que «a Igreja em África é Igreja missionária e em missão» (nº 29). A difusão do Evangelho, em África, deu-se em diversas fases. Os primeiros séculos do cristianismo viram a evangelização do Egipto e da África do Norte. Uma segunda fase, envolvendo as regiões situadas ao sul do Saara, teve lugar nos séculos XV e XVI. Uma terceira fase, caracterizada por um extraordinário esforço missionário, teve início no século XIX (cf. nº 30).
Os Padres Sinodais puseram em evidência alguns valores culturais que constituem seguramente uma preparação providencial à transmissão do Evangelho em África. Eles notaram que os africanos têm um profundo sentido religioso, o sentido do sagrado, o sentido da existência de Deus criador e de um mundo espiritual. Na cultura e na tradição africana, o papel da família é considerado por todo o lado como fundamental. As culturas africanas têm um sentido muito vivo da solidariedade e da vida comunitária (nº 43).
O Sínodo assinalou a urgência de proclamar a Boa Nova, na África, a milhões de pessoas ainda não evangelizadas. Certamente a Igreja respeita e estima as religiões não cristãs, professadas por tantas e tantas pessoas no Continente Africano, pois elas constituem a expressão viva da alma de largos sectores da população (nº 47); Com razão, afirmam os Padres Sinodais que «o profundo interesse por uma inculturação verdadeira e equilibrada do Evangelho se torna necessário para evitar a confusão e a alienação na nossa sociedade, a braços com uma rápida evolução» (nº 48).
A Assembleia Especial sublinhou a importância do diálogo ecuménico com as outras Igrejas e comunidades eclesiais, e ainda do diálogo com a religião tradicional africana e com o islamismo (nº 66). O diálogo há-de ser praticado, antes de mais, no seio da Igreja-família, a todos os níveis (nº 65). Quanto à religião tradicional africana, um diálogo sereno e prudente poderá, por um lado, proteger de influências negativas que, frequentemente, condicionam o modo de viver de muitos católicos, e, por outro, assegurar a assimilação de valores positivos, como a crença num Ser Supremo, Eterno, Criador, Providente e Justo Juiz, que se harmonizam bem com o conteúdo da fé. Podem mesmo ser considerados como uma preparação ao Evangelho, porque contêm preciosas semina Verbi [sementes do Verbo], capazes de levar, como já sucedeu no passado, um grande número de pessoas a « abrir-se à plenitude da Revelação em Jesus Cristo, através da proclamação do Evangelho» (nº 67).
Notou-se, também, que «o futuro do mundo e da Igreja passa através da família». Outra tarefa fundamental que a exortação pôs em evidência, é o cuidado pelas vocações ao sacerdócio e à vida consagrada: importa discerni-las com sabedoria, fazê-las acompanhar por formadores capazes, controlar a qualidade da formação oferecida. É necessário, portanto, «que a nova evangelização seja centrada no encontro com a pessoa viva de Cristo» (nº 79) A evangelização deve atingir o homem e a sociedade em todos os níveis da sua existência.
O Sínodo considera a inculturação uma prioridade e uma urgência na vida das Igrejas particulares, para a real radicação do Evangelho em África. Dado que a inculturação implica «a íntima transformação dos valores culturais autênticos pela sua integração no cristianismo» e, por outro, «o enraizamento do cristianismo nas várias culturas (nº 59).
Os mass-media foram considerados pelo Sínodo sob dois aspectos importantes e complementares: como um universo cultural novo e em expansão, e como um conjunto de meios ao serviço da comunicação. Fundamentalmente eles constituem uma nova cultura que tem a sua linguagem própria e, sobretudo, os seus valores e contra-valores específicos. Por este motivo, têm necessidade, como todas as culturas, de ser evangelizados (nº 71). Os desafios actuais da Igreja em África são: a necessidade do Baptismo; a urgência da evangelização; a importância da formação; a necessidade de aprofundar a fé;(pois, a Igreja em África, para ser evangelizadora, deve «começar por se evangelizar a si mesma (nº 76); a força do testemunho porque «um verdadeiro testemunho por parte dos crentes é, hoje, essencial em África, para proclamar de forma autêntica a fé» (nº 77). A necessidade de Inculturar a fé « devido à profunda convicção de que «a síntese entre cultura e fé não é só uma exigência da cultura, mas também da fé» (nº 78). Por fim, encontramos o desafio da criação de uma comunidade reconciliada. O desafio do diálogo é, fundamentalmente, o desafio da transformação das relações entre os homens, entre as nações e entre os povos, na vida religiosa, política, económica, social e cultural.
Em conclusão, a Segunda Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos é um momento importante para a Igreja-Família de Deus em África. É um kairos (cf. Mc 1,15). A necessidade de reconciliação no continente é hoje mais urgente do que nunca. A Igreja-Família de Deus em África, fiel à sua vocação de anunciar a Boa Nova do Evangelho, deseja abrir-se mais e mais para a missão ad intra no próprio continente e ad extra para as Igrejas de outros continentes em contato com ela. Em seu trabalho, a força do Evangelho vai fornecer energia para a Igreja-Família de Deus a serviço da reconciliação, justiça e paz. Com Maria, a Igreja na África está aberta à acção do Espírito Santo para que, em e através de seus membros no continente, a face da terra possa ser renovada.

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