quinta-feira, 15 de setembro de 2011

JESUS COMO REFERÊNCIA PRA O HOMEM II

JESUS CRISTO É A REFERÊNCIA PRINCIPAL PARA FALAR ADEQUADAMENTE DO HOMEM

Introdução
No presente trabalho pretendemos analisar basicamente o tema acima referido. Com efeito, há duas questões que nos vão orientar na abordagem do tema em realce. Ei-las:
1.   Em que sentido e porque Jesus é a referência principal para falar adequadamente do homem?
2.   Quais os elementos que nos permitem ver Jesus como referência principal para o homem?
Trata-se de um tema de capital importância porque a existência do homem só se percebe à luz do Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus, Jesus Cristo que veio para nos salvar do corte relacional com o Pai.

1.    Em que sentido e porque Jesus é a referência principal para falar adequadamente do homem?
Afirmar que Jesus é a referência principal para falar adequadamente do homem dá-nos a entender que todo discurso que trate do homem deve ter como ponto de partida e de chegada a pessoa de Jesus Cristo que é o centro de referência do homem. Por isso mesmo, não há compreensão do homem sem o Homem-Jesus. Assim, o mistério do homem encontra eco só na compreensão de Jesus Cristo, o Verbo encarnado. A nossa humanidade está fundamentada em Jesus Cristo e só n’Ele a nossa existência tem sentido. De facto, «o mistério do homem não se esclarece verdadeiramente que no mistério do Verbo encarnado» (GS 22). Como novo Adão, Cristo ao revelar-nos o mistério do Pai e do seu amor, revela o homem a si mesmo e descobre-lhe a sua vocação sublime.
A referência em Jesus Cristo consiste em reconhecer que a existência humana não tem sentido sem ligação a Cristo que é o alicerce da nossa vida. Pois, em Jesus a natureza humana foi assumida e elevada à excelsa dignidade unindo-se de forma indelével a cada homem na sua encarnação. Na verdade, «Sofrendo por nós, não só nos deu exemplo, para que sigamos os seus passos» (cf. 1Ped 2,21), mas também abriu um novo caminho, em que a vida e a morte são santificados e recebem um novo sentido. Deste modo, por Cristo e em Cristo esclarece-se o enigma da dor e da morte, o qual, fora do seu evangelho, nos esmaga. Jesus foi e continua sendo o único suporte verdadeiro da humanidade e de todos os homens. Desde a encarnação até a sua vitória sobre a morte, Jesus foi Homem que se configurou verdadeiramente com a humanidade. Na sua caminhada humana se manifesta a graça da criação ensinando-nos a ser homens diante de Deus. Daí que todo discurso sobre o tratado do homem e da humanidade deve ser Cristocêntrico, convergindo todo olhar em Cristo. Ipso facto, para falarmos de forma adequada do homem é imprescindível ter como referência Jesus Cristo, o único Homem que na sua vida foi coerente com a sua natureza e permaneceu fiel à sua origem até ao fim embora tenha sido homem igual a nós excepto no pecado (Heb 4,15).

2. Quais os elementos que nos permitem ver Jesus como referência principal para falar adequadamente do homem?
Há muitos elementos que apoiam essa reflexão. Jesus viveu a sua humanidade, verdadeiramente, sem fazer de contas que fosse homem. Por outro lado, nele se manifesta a graça da criação que leva o homem a ser filho diante de Deus. De facto, Jesus é o exemplo claro da relação de dependência com o seu Pai, sem excluir a sua autonomia e liberdade. Desde sempre nunca quis substituir o Pai, permaneceu sempre na posição de Filho sem rebelar-se e sem procurar ser detentor da sua origem.
No entanto, a humanidade de Jesus não foi absorvida pela sua divindade, Ele foi sempre verdadeiro Deus sem deixar de ser verdadeiro Homem. Ele aperfeiçoa e plenifica o plano de santificação dos homens através da revelação do amor do Pai que nos manifestou como meta a que devemos buscar incansavelmente. Apesar de ser Homem, Jesus nunca rompeu a sua ligação com o Pai. Ele é a imagem visível do Deus invisível (Cl 5,1).
O ensino e o exemplo, a figura e a própria vida de Jesus são de grande importância e nos ajudam a espelhar a nossa vida. Jesus abre aos homens e ao mundo o acesso ao mundo supra-sensível, divino; Ele deu uma contribuição decisiva à humanidade ao conceder ao tempo presente uma relevância de eternidade, isto é, uma abertura ao transcendente que nos convida sempre a manter e reconhecer a nossa condição de criaturas. Portanto, a nossa vida deve ser orientada em referência a Cristo. Pois, o Verbo de Deus feito carne, imagem perfeita do Pai e Homem perfeito, exprime para a humanidade, como modelo e mestre, a verdade, o caminho e a vida (cf. Jo 14,6), o dever-ser dos seres humanos.
Falar de Jesus como uma referência necessária para falar adequadamente do homem significa que toda a busca da verdade concernente ao homem e à sua humanidade não pode deixar de se referir à verdade do Seu ensino e testemunho e dela partir porque Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6). Por amor, Cristo ensinou-nos que o homem está feito para amar. Assim, sua missão, morte e ressurreição mostram-nos que o amor leva à doação de si mesmo e da própria vida aos outros. O serviço é a expressão mais autêntica de amor. O homem, por sua inserção em Cristo vivo, tem o caminho aberto a um progresso novo, a um humanismo transcendental que lhe dará sua plenitude maior. Daí que ninguém é mais humano, mais homem fora do Homem Cristo que Pilatos O mostrou aos judeus exclamando: “Eis o Homem”. Na verdade, o Evangelho mostra que Cristo é o protótipo da humanidade. Só Cristo nos dá a última palavra de nossa realização, de nossa total humanização. Vivendo com Ele entramos no novo humanismo que se abre ao Absoluto, no reconhecimento de uma vocação que dá o verdadeiro sentido à vida humana à luz da fé, esperança e caridade.

Conclusão
Jesus é a referência principal para falar adequadamente do homem porque na sua humanidade perfeita, Ele realiza a vontade do Pai a todo o momento. Assim, Jesus mostra que é o Logos divino que se nos dá, mas é também o novo Adão, o Homem verdadeiro, aquele que cumpre em cada momento não a própria vontade mas a do Pai. Portanto, feitos à imagem e semelhança de Deus amor, só nos podemos compreender a nós mesmos no acolhimento do Verbo. É à luz da revelação feita pelo divino que se esclarece definitivamente o enigma da condição humana.
Enfim, importa referir que Jesus não só serve de referência por sua encarnação, por nos aparecer como o Homem por excelência em sua tentação onde não rompeu a sua condição de Filho, mas também porque Ele foi vitorioso ao ser tentado pelo diabo. A nossa vitória depende da vitória de Jesus alcançada durante a sua existência humana sumamente elevada pela sua ressurreição dos mortos. Cristo, Palavra de Deus encarnada, crucificada e ressuscitada, é o Senhor de todas as coisas e n`Ele todas as coisas foram recapituladas para sempre (cf. Ef 1,10).

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