segunda-feira, 2 de maio de 2011

Exegese da Pericopa do Evangelho Segundo S. Mateus 20,1-16

1.Delimitação
Trata-se de uma parábola que Jesus apresenta aos seus discípulos, no território da Judeia, além do Jordão (Mt 19,1). Jesus esta ficando cada vez mais perto de Jerusalém. Temos como personagens desta parábola: o Proprietário, os trabalhadores, o Capataz. Por outro lado temos Jesus que conta a parábola e os seus discípulos, provavelmente os Fariseus os quais no capítulo anterior lançam pergunta a Jesus sobre o casamento e celibato no reino dos céus.
2. Breve Resumo
Nesta perícopa Jesus procura mostrar a Justiça de Deus perante o reino de Deus através de uma comparação desta história de um proprietário que quis contratar os trabalhadores para a sua vinha: um grupo contratou de manha cedo; outros pelas nove horas, uns meio-dia; três da tarde, cinco da tarde e hora undécima, todos com a promessa de um salário justo de um denário pelo trabalho prestado. O proprietário chamou o capataz, que começando pelos últimos, pagou a todos um denário, mas os primeiros contratados julgavam que receberiam mais do que os últimos. Os valores do reino de Deus são diferentes dos do mundo. Jesus assegura os discípulos que apesar de serem os “últimos” e pouco valerem aos olhos do mundo, Deus não se esquecerá deles e continuará a olhar pelas suas necessidades. Todos no reino de Deus têm o mesmo estatuto de serem iguais.
3. Apresentação dos Versículos
V1- Jesus compara o reino do Céu com um proprietário que saiu para contratar trabalhadores para sua vinha. V2- o salário ajustado na contratação dos trabalhadores era de um denário (moeda romana que era o pagamento de um dia de salário de um trabalhador naquela época).
V3-7- fala dos tempos em que o proprietário saiu para fazer a contratação. Os Judeus dividiam o dia solar em doze horas (Jo11,9) e variavam de duração conforme a altura do ano, as mais referidas são: a 3ª, 6ª e nona. A contagem era a partir do nascer do sol para os romanos como também os Judeus, embora estes últimos considerassem que o dia civil começava com o pôr-do-sol e os romanos consideravam que o dia começava a meia-noite.
V8- pagamento dos salários, começando pelos últimos até chegar os primeiros contratados.
V9-10- cada um recebeu um denário: Jesus rejeita a imagem de um Deus que paga segundo os méritos humanos. Para o reino de Deus como dom ninguém se sinta mais merecedor porque se converteu a Cristo a muito tempo em relação os outros que são novos, todos estão no mesmo nível, não há superioridade de uns sobre os outros.
V11-12- temos uma atitude de murmúrio contra a decisão do dono da vinha em pagar o mesmo salário a todos. Os da primeira hora, neste caso (Judeus beneficiários da aliança desde Abraão), não devem se escandalizarem com a decisão do proprietário. Jesus abate o orgulho da ideia dos fariseus serem os mais privilegiados da salvação de Deus.
V13-15- nestes versículos temos as palavras do proprietário neste caso Deus que faz justiça, atribuindo o dom do seu reino a todos que aceitam os seus ensinamentos e põem em pratica. Na lógica humana isto não funciona assim, esta é a Justiça divina. V16- é uma espécie de conclusão, mostrando qual é o modo de agir de Deus para salvação de todos que acreditam Nele.
4. Divisão e Analise de cada Parte
Primeira parte Mt 20,1 – Jesus começa a parábola fazendo assemelhar o Reino do Céu a um proprietário que sai para contratar trabalhadores para sua vinha.
Segunda parte Mt 20,2-7 – esta parte trata do processo contratual desde os primeiros até os últimos contratados. Para todos eles foi combinado um salário justo de um denário, o recomendável para aquela época e conforme as normas.
Terceiro parte Mt 20,8-15 – pagamento dos trabalhadores, começando pelos últimos contratados. Esta acção está ligada com a reacção dos primeiros contratados que julgavam receber mais que os últimos. A resposta do proprietário mostra a justiça de Deus que consiste em dar a cada um o que lhe é devido, por isso ele diz: em nada de prejudico porque foi o que se combinou antes de começar o trabalho. Quarta parte Mt 20,16 – Jesus procura mostrar em forma de conclusão que no Reino dos Céu a Justiça é por igual tanto para os primeiros como para os últimos convidados a entrar Nele, por esta razão que muitos sã convidados mas poucos entram nesse Reino.
Os verbos principais que mostram a acção neste texto são: saiu (repetido 4 vezes) - trata-se duma acção que implica partir de um determinado lugar movendo-se para outro. E neste texto o verbo esta no pretérito perfeito para indicar acção terminada. Na história de salvação a iniciativa é de Deus que na sua infinita sabedoria e bondade decide salvar o seu povo, por isso os convida a trabalhar na sua vinha (ide também trabalhar para a minha vinha). O tempo em que decorre a acção é ao romper da manhã tempo em que as pessoas estão dispostas para o serviço. Viu - Deus vê o ser de cada um e faz um convide para sua messe. A resposta dos trabalhadores quando são interpelados mostram uma disponibilidade «é que ninguém nos contratou», outro que merece atenção é o verbo vir (Vieram) - disponibilidade em responder a voz de Deus. Temos outros verbos secundários como: contratar, ajustar, receber, tem muitos outros verbos que acompanham o desenrolar das acções nesta parábola. A mensagem central deste texto é: não há superioridade de uns sobre o reino do céu. O dom da graça de Deus atribui o mesmo estatuto para todos sem olhar a ordem da precedência, tanto Judeus, fariseus, os discípulos de Jesus basta viverem segundo os mandamentos de Deus merecerão a salvação.
Bibliografia:
Biblia de Jerusalém, ed. Paulus, 2003, S. Paulo.
Biblia Sagrada Africana, ed. Paulinas, S. Paulo, 2004.
Biblia Sagrada, Difusora Biblica, 2ªedição,Lisboa, 2000.

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