segunda-feira, 2 de maio de 2011

A ORDENAÇÃO SACERDOTAL II


1. 1. A definição do sacramento da Ordem e alguns dos seus aspectos proeminentes
A ordenação é fundamentalmente o rito pelo qual a Igreja promove um dos seus membros, considerado idóneo, a um determinado grau de ministério eclesial: diaconado, presbiterado ou episcopado. Entretanto, o eleito para o grau do presbiterado recebeu a imposição das mãos do seu arcebispo, do cardeal e de vários presbíteros presentes no evento. Este gesto significa fundamentalmente a comunhão do colégio dos presbíteros (presbyterium) à volta do arcebispo a quem prometem obediência. A imposição das mãos é seguida por uma oração consecratória que pede a Deus para o ordinando as graças do Espírito Santo requeridos para o seu ministério. A partir da imposição das mãos e da oração consecratória já temos um novo sacerdote. Entretanto, a ordenação imprime carácter sacramental indelével.
As ordenações sempre se celebram durante a eucaristia, num dia festivo e com assistência de toda a comunidade cristã, com a finalidade de fazer realçar a essencial dimensão comunitária do sacramento da Ordem[1].
O próprio nome de Ordem indica duas realidades fundamentais; que os que recebem o sacramento de Ordem começam a fazer parte de um colégio de ministros e que ficam destinados a uma função comunitária. Portanto, cada presbítero integra-se no colégio presbiteral, constituído por todos os presbíteros de uma diocese com a finalidade de colaborar com o bispo na tarefa de dirigir a Igreja local[2].
O segundo motivo pelo qual este sacramento se chama Ordem é que essa palavra significa também destino para algo ou para alguém. O ordenado não é para si mesmo para sua própria honra ou dignidade, nem sequer para sua perfeição espiritual. É-o para os outros, para servir todos os membros da comunidade cristã: toda a autoridade e todos os poderes espirituais que os ordenados recebem são destinados ao melhor serviço dos membros do povo de Deus[3].
Os ministérios conferidos pela ordenação são insubstituíveis na estrutura orgânica da Igreja: sem bispo, presbíteros e diáconos, não pode falar-se da Igreja[4].
O neo-sacerdote foi ungido nas mãos e, este sinal significa a presença do Espírito Santo e da sua força. Foi ungido nas mãos porque, a mão do homem é o instrumento do seu agir, é o símbolo da sua capacidade de enfrentar o mundo, exactamente de "o tomar pela mão". Se as mãos do homem representam simbolicamente as suas faculdades e, em geral, a técnica como poder dispor do mundo, então as mãos ungidas devem constituir um sinal da sua capacidade de doar, da actividade no acto de plasmar o mundo com o amor e para isso, sem dúvida, temos necessidade do Espírito Santo.
No Antigo Testamento, a unção é sinal da admissão para um serviço: o rei, o profeta, o sacerdote faz e dá mais do que aquilo que deriva da sua pessoa. De certo modo, é despojado de si próprio em função de um serviço, em que se põe à disposição de alguém que é maior do que ele. Se Jesus se apresenta no Evangelho como o Ungido de Deus, como Cristo, então isto quer dizer precisamente que Ele age por missão do Pai e na unidade com o Espírito Santo e que, desta forma, entrega ao mundo uma nova realeza, um novo sacerdócio, um renovado modo de ser profeta que não busca a si mesmo, mas vive para Aquele em vista de quem o mundo foi criado[5].
O núcleo do sacerdócio é o facto de sermos amigos de Jesus Cristo. Somente assim podemos falar verdadeiramente in persona christi, embora a nossa distância interior de Cristo não possa comprometer a validade do sacramento. Ser amigo de Jesus, ser sacerdote, significa ser homem de oração. É deste modo que o reconhecemos e saímos de ignorância dos simples[6].

2. A PROPOSTA PARA UMA POSSÍVEL INCULTURAÇÃO
A inculturação de alguns aspectos da ordenação sacerdotal deve seguir um ritmo lento e inteligente posto que, podemos cair no exagero de fazer com que tudo seja inculturado a todo custo sem a observação prévia das regras básicas do ritual pontifical das ordenações sagradas.
Quero reconhecer a minha limitação e concomitantemente a minha pequenez quanto a esta matéria da inculturação, porém atrevo-me a arriscar dizendo que ela deve ser realizada se possível a nível de todas as dioceses nacionais e com pessoas especializadas e abalizadas um tanto a quanto na liturgia. Porém, não vejo com bons olhos a iniciativa de se introduzir algo na ordenação sacerdotal numa só diocese posto que, pode-se criar embaraços nos cristãos.
Na oração das ladainhas parece que os cristãos não sabem qual é a importância da capulana (mucumi) que se usa para cobrir o eleito, na altura da prostração. E por outro lado, o que é que acontece dentro dessa capulana. Portanto, na minha modesta contribuição diria que aquela capulana significa uma castração simbólica ou pureza. O eleito prostra-se como sinal de humildade, entrega total, e de abandono nas mãos de Deus. Este gesto significa também, morrer para o mundo e nascer para Deus com vida nova e nova missão.


Em jeito de conclusão importa realçar que na ordenação, o bispo é o primeiro a impor as mãos ao ordenando, seguido de todos os sacerdotes presentes que também lhe impõe as mãos em sinal da comunhão do colégio dos presbíteros à volta do bispo a quem prometem obediência.
O ordenado não é para si mesmo, para sua própria honra ou dignidade, nem sequer para sua perfeição espiritual. É-o para os outros, para servir todos os membros da comunidade cristã: toda a autoridade e todos os poderes espirituais que os ordenados recebem são destinados ao melhor serviço dos membros do povo de Deus.

BIBLIOGRAFIA
CLETO D.A.M et al., Sacramentos ao serviço de comunhão, Catecismo da Igreja Católica, Coimbra 1993.

LLOPIS. J, Ordenação, Dicionário de Pastoral, (s.l.) (s.d.).

PATRIARCADO-LISBOA, Homilia do papa Bento XVI na missa crismal de Quinta-feira, htt:// www. documentação (2006).


[1] J.LLOPIS., Ordenação, Dicionário de Pastoral, (s.l.) (s.d.), p.386.
[2] Opus citatus.
[3] Idem.
[4] D.A.M CLETO et al., Sacramentos ao serviço de comunhão, Catecismo da Igreja Católica, Coimbra 1993, 1593.
[5] PATRIARCADO-LISBOA, Homilia do papa Bento XVI na missa crismal de Quinta-feira, htt:// www. documentação (2006).
[6] Idem.

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