A VENERAÇÃO DE IMAGENS: O
desafio de um Cristão Católico
Aveneração
que se presta às imagens na Igreja Católica é algo imponente que culmina na
acusação segundo a qual nós, católicos, somos adorares de imagens e idólatras,
entre outros atributos que, por vezes, nos colocam num embaraço labirintoso.
Quero crer que este é o desafio de todos nós, sobretudo os catequistas e seus
catequizandos ante os cristãos das seitas, os evangélicos, os ditos
protestantes e os demais pretenciosos do monopólio da verdade cristã. Não posso
precisar quantas vezes eu já me vi em situações de empecilho com irmãos de
outras confissões religiosas no que diz respeito a esse assunto. E até de
testemunhos de meus irmãos católicos que se viram desafiados sem respostas
adequadas diante da realidade que confessamos com maior afinco.
Muitos
de nós já experimentamos a angústia de não ter resposta diante deste repto tão
fascinante e preocupante para aqueles que estão apreensivos em tirar a trave
que está nos olhos do seu próximo sem primeiro tirar a sua trave. A estes,
Jesus repreende-os veementemente “Como podes dizer ao teu irmão:´irmão,
deixa-me tirar o argueiro da tua vista`, tu que não vês a trave que está na
tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e, então, verás para o argueiro
da vista do teu irmão” (Lc 6,42; Mt 7,3-5). No universo deste floriado de
dúvidas, emergiu no meu tacanho raciocínio o interesse de desenhar algumas
linhas de pensamento que me sirvam de orientação perante aqueles que auguram
saber com maior densidade o porquê da veneração das imagens de Jesus, de Nossa
Senhora e dos santos. Quero crer que esta apostila pode vir a servir aos demais
irmãos que dele se depararem. O tema que me coloquei como sugestação de
reflexão é “A veneração de imagens: o
desafio de um cristão católico”.
Meus
irmãos, confesso-vos que a ignorância da doutrina ensinada pelo Magistério
milenar da Igreja, faz-nos ferver de raiva, frustração e ficamos indecisos ou
com ideias confusas quando nos confrontam ferozmente. Daí segue o bloqueio de não
saber se continuamos a crer no que vinhamos crendo ou melhor abandonar e seguir
os anticristos, isto é, os falsos profetas. Muitos dos nossos já caíram,
infelizmente, nesta armadilha e a força do vento os arrastou ao lamaçal. Mas
uma advertência é sempre válida: “Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos
apresentam disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes. Pelos seus
frutos, os conhecereis” (cf. Mt 7,15-16).
Portanto,
precisamos de haurir um conhecimento exaustivo sobre a nossa fé. Precisamos,
ademais, de aprender aquilo que professamos e é preservado com uma história que
perdura pelos seculos imemoráveis. Na verdade, na Igreja Católica, nós não
adoramos imagens. Quem foi que vos atestou isso? Quem foi que vos ensinou uma
doutrina contrária àquela que vos foi transmitida? Nãos vos entristeceis! De
cabeça erguida, fé firme e doutrina sábia vamos mergulhar agora no mar dos
ensinamentos da Santa Madre Igreja Católica sobre a veneração das santas
imagens.
Atesto-vos
sem margem de erro que os católicos nunca adoram imagens. Eles veneram com
máximo respeito e espiritualidade as imagens sagradas, a Cruz, as de Nossa
Senhora e as dos santos. Eis por isso que o núcleo fundante desta veneração
encontra seu eco na Encarnação do Verbo. Como nos ensina o Catecismo da Igreja
Católica 2129: “Não farás para ti nenhuma imagem esculpida...” é uma «imposição
divina que comportava a interdição de qualquer representação de Deus feita pela
mão do homem». Isto é consequência do desencontro entre o povo e Deus, pois o
pacto de aliança mediante o qual Deus se
revelou ao seu povo no monte Horeb foi celebrado de forma simbólica
transcendental: o povo não viu a Deus face a face, porque Este se manifestou
“do meio do fogo” (Dt 4,15-16). Ele revelou-se de forma completamente
transcendente e imanente. Imanente porque Deus sempre caminhou e caminha na
economia da salvação juntamente com o seu povo; sempre unido ao povo e nunca
lhe abandona apesar da prostituição do povo aos Baais das outras tribos
vizinhas. De facto, a glória e prosperidade de Israel dependeram sobremaneira
da união e presença inquestionável de Deus junto ao seu povo, na máquina
governamental fazendo da trindade imanente ligada à trindade económica, o ser
de Deus e sua práxis, o Reino e o Governo coabitando eternamente. Por outro
lado, a revelação de Deus no Horeb foi transcendente pois Ele perrmaneceu de
forma ideal; o povo não o viu com os seus próprios olhos; Ele permaneceu aquém
do nosso poder de enxegrgar e conhecê-lo. Contrariamente ao que se imagina
sendo o imperativo categórico para a não veneração de imagens, no Livro de
Números Deus permitiu a instituição de imagens, que conduziriam simbolicamente
à salvação pelo Verbo Encarnado. Como exemplo disso encontramos a serpente de
Bronze (Nm 21,4-9) por meio da qual o povo gozava da a cura dos malefícios da
caminhada.
Como
disse acima, o mistério da Encarnação de Jesus Cristo sela peremptoriamente o
interdito que barrava o culto às imagens. Contra os icnoclastas o sétimo
Concílio Ecuménico, segundo de Niceia (787) atesta que “Encarnando, o Filho de
Deus inaugurou uma nova economia das imagens”. Aliás, “O culto cristão das
imagens não é contrário ao primeiro mandamento, que proíbe os ídolos. Com
efeito, a honra prestada a uma imagem remonta ao modelo original e quem venera
uma imagem venera nela a pessoa representada. A honra prestada às santas
imagens é uma veneração respeitosa, e não uma adoração, que só a Deus se deve”
(CIC, 2132).
Fechando
esta singela reflexão, exorto aos pretencisos à prudência no uso dos termos:
adoração e veneração. Uma coisa não é outra. São dois termos distintamente
distintos e inconfundíveis a quem para tal se orienta. O culto das imagens
sagradas funda-se no mistério da encarnação do Verbo de Deus. E não é contrário
ao primeiro mandamento da lei de Deus. Por isso muita atenção e prudência nos
juízos: “Não julgueis, para não serdes julgados; pois, conforme o juízo com que
julgardes, assim sereis julgados; e, com a medida com que medirdes, assim
sereis medidos” (Mt 7,1-2).
Cantífula de Castro
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