terça-feira, 23 de agosto de 2011

AS REGRAS MONÁSTICAS

A obra As Regras Monásticas de São Basílio Magno é um dos seus escritos autênticos mais importantes. Tendo em conta que os escritos de São Basílio são classificados em alguns grupos, esta obra enquadra-se nos escritos ascéticos e faz parte da Colecção os Padres da Igreja do século IV. Esta obra, «de importância decisiva para o desenvolvimento subsequente e a propagação da vida monástica no Oriente até aos nossos dias»[1], foi redigida por volta do ano 358 na língua Latina. Foi traduzida para a língua Portuguesa em 1983 por Ir. Hildegardis Pasch e Ir. Helena Nagem Assad. É destinada a todo cristão, mas de forma especial àqueles que abraçam a vida monástica.
No que concerne a sua organização interna, podemos dizer que a obra está dividida fundamentalmente em três Capítulos: Vida e Obra de São Basílio assim como a sua personalidade (desde a página 23 a 38); as Regras Mais Extensas (desde a página 39 a 128) e as Regras Menos Extensas (da página 129 a 286). No fim da obra encontramos o índice analítico (página 287) e o índice bíblico (página 290). O Índice geral da obra aparece logo no princípio da obra.

Capítulo I: Vida e Obra e personalidade de São Basílio
Este Capítulo foi redigido por D. Bernardo Betelho Nunes e é composto por três partes. Na primeira parte D. Bernardo apresenta a humanidade de São Basílio Magno desde a sua infância (330, em Capadócia da Cesaréia) até o seu último ano de vida «378 foi o último ano da vida de Basílio»[2]. Na segunda encontramos o relato da personalidade de São Basílio Magno e a sua irradiação. Pois, «foi um bispo imbuído de espírito da Igreja de Cristo e monge verdadeiramente apaixonado pela imitação de Cristo»[3]. Para ele, amar a Deus é amar a sua vontade e, desejar a Deus é, evidentemente, desejar a sua lei.
Segundo São Basílio, o pleno cumprimento dos mandamentos de Deus implica o amor. Aliás, o primeiro mandamento fala exactamente do amor. No âmbito moral e ascético no qual se insere a obra, a sua doutrina se percebe em função da sua espiritualidade. Pois, «a ascese propriamente monástica de São Basílio não existe em si mesma e por si mesma, não é outra coisa que o coroamento da ascese cristã imposta a todo cristão»[4]. Na terceira parte deste Capítulo, D. Bernardo Botelho apresenta as obras de São Basílio classificadas em: «obras bíblicas, teológicas, ascéticas e morais, correspondência e escritos sobre diversos assuntos» (p. 34).

Capítulo II: As Regras Mais Extensas
Este Capítulo começa com o Prólogo no qual Basílio defende a vida claustral como meio indispensável para se servir perfeitamente a vontade de Deus: «a oportunidade é excelente; o lugar, o silêncio, livre de agitações vindas de fora (...) lutemos em vista dos bens vindouros, para glória de Deus e de Seu Cristo e do Santo e adorável Espírito» (p. 39). Assim, se percebem melhor as questões por ele colocadas: «Até quando adiaremos a obediência a Cristo, que nos chama a seu Reino Celeste? Não despertaremos da nossa embriaguez? Não nos converteremos de uma vida vulgar ao rigor do Evangelho?» (p. 40). Deste modo, ele adverte-nos que se desejamos o Reino dos Céus, devemos cuidar dos meios de obtê-lo, devemos empreender o esforço para cumprir os mandamentos do Senhor. Pois, «não pode salvar-se quem não pratica obras conforme o mandamento de Deus» (p. 44). Assim, se o homem de Deus deve ser perfeito, é imperioso que se aperfeiçoe em cada mandamento até à estrutura da maturidade de Cristo (cf. Ef 4,13). No que concerne as Regras Mais Extensas, importa referir que elas fazem um todo de 55 questões com as suas respectivas respostas. Estas Regras são chamadas “Mais Extensas” relativamente as outras que veremos adiante, não pelo número das questões, mas sim pela vasta extensão do seu conteúdo (respostas).

Capítulo III: As Regras Menos Extensas
Para tratar das Regras Menos Extensas, São Basílio começa com uma introdução na qual ele faz uma exortação aos ministros da Palavra: «…nós, a quem foi confiado o ministério da Palavra, devemos em qualquer tempo estar desejosos de orientar as almas; e não só testemunhar publicamente diante de toda a Igreja, mas também em particular permitir a cada um dos que nos procuram interrogarem à vontade o que interessa à integridade da Fé e à autenticidade deste género de vida, segundo o evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo» (p. 129). As Regras Menos Extensas fazem um todo de 313 questões com as suas respectivas respostas breves. Assim se percebe a razão pela qual são chamadas “Menos Extensas”.
Enfim, no índice analítico Basílio apresenta alguns termos e nomes por ele referidos quer nas Regras Mais extensas, tanto nas Regras Menos Extensas. E no índice bíblico apresenta uma série de citações bíblicas usadas na obra. No próximo trabalho (que é a terceira parte), trataremos apenas das Regras Mais Extensas.


[1] B.ALTANER et A. STUIBER, Patrologia, Vida, Obras e Doutrina dos Padres da Igreja, edições Paulinas, são Paulo 19882 ,p. 293.

[2] São Basílio Magno, As Regras Monásticas, colecção os Padres da Igreja/4; editora Vozes, Petrópolis 1983, p. 28.
[3] São Basílio Magno, Op. Cit., p. 29.
[4] Idem, p. 32.

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