terça-feira, 23 de agosto de 2011

MÉDIO E NEOPLATONISMO

No presente trabalho vamos falar do Médio e do Neoplatonismo nos seguintes aspectos: definição, historicidade, expoentes, e características.

Definição
Há duas posições antagónicas sobre a definição do Médio Platonismo. Segundo alguns estudiosos, o Médio Platonismo ou platonismo eclético refere-se à interpretação dada à filosofia de Platão durante os primeiros séculos da era imperial do século I a.C. ao século II d.C. O outro posicionamento ilustra que o Médio Platonismo é a forma de platonismo que surge depois da morte de Antíoco de Ascalão (filósofo académico eclético do século I a.C.) e se desenvolve até os inícios do século III d.C. Entrementes, há quem afirma que o Médio Platonismo «foi a principal fonte a que recorreram os Padres da Igreja para elaborar racionalmente a mensagem religiosa, consubstanciada na Patrística»[1].

Historicidade
Para alguns, o Médio Platonismo foi uma simples transição entre o platonismo céptico do período helenístico e o neoplatonismo, que se desenvolveu a partir do século III.
Segundo Praechter, o Médio Platonismo começa em 87 a.C., com Antíoco de Ascalão, terminando em 244, com o advento do neoplatonismo, com Plotino[2].
Assim, Praechter aponta duas características principais do Médio platonismo. O ecletismo que é a harmonização e assimilação de doutrinas não platónicas e, a ortodoxia que é a defesa da identidade do platonismo. Outros, porém, como John M. Dillon, consideram que o fundador do médio platonismo tenha sido Eudoro de Alexandria (40 a.C.), um dissidente da Média Academia[3].

Expoentes do médio platonismo
Os principais expoentes do Médio Platonismo foram: Trasilo, Onaxandro, Plutarco, Calvísio Tauro, Caio, Albino Apuleio, Teónis de Esmirna, Nigrino, Nicóstrato, Ático, Aposcracião, Celso, Máximo de Tiro e Severo[4].

Características gerais
O Médio Platonismo recupera o supra-sensível, o imaterial e o transcendente, rompendo claramente as pontes com o materialismo há muito tempo dominante. Nota-se também a reproposição da teoria das Ideias. Os médio-platónicos reconheceram precisamente na assimilação ao divino transcendente e incorpóreo a marca autêntica da vida moral.
O Médio Platonismo, portanto, representa um dos elos de conjunção essenciais na história do pensamento ocidental. Neste sentido a finalidade prática da filosofia não é a sabedoria mas a assimilação a Deus; a doutrina dos três princípios do Timeu (27c-29d): o paradigma, o demiurgo, a matéria.

O NEOPLATONISMO
Definição
O Neoplatonismo foi uma corrente de pensamento iniciada no século III. Este sistema de pensamento baseava-se nos ensinamentos de Platão e dos platónicos, mas interpretando-os de formas bastante diversificadas.
Historicidade
Plotino é o fundador e o principal expoente do Neoplatonismo. Este sistema se desenvolveu em Alexandria, depois do platonismo judaico com Fílon e do cristão com Clemente e Orígenes.
Como vimos, o neoplatonismo começou com Plotino. Os escritos de Plotino foram reunidos pelo pupilo Porfírio nas Seis Enéadas. O Neoplatonismo é uma forma de monismo idealista. Pois, Plotino ensinou a existência de um Uno indescritível do qual emanou uma sequência de seres menores. Por outro lado, Plotino realizou uma verdadeira refundação da metafísica clássica, desenvolvendo posições que são novas em relação a Platão e Aristóteles.

Expoentes do Neoplatonismo
Os principais expoentes do Neoplatonismo foram: Amônio Sacas, Fílon de Alexandria, Hipátia, Jâmblico, Plotino, Plutarco de Atenas, Porfírio, Proclo, Pseudo-Dionísio. Os filósofos influenciados pelo pensamento neoplatónico foram: Agostinho de Hipona, Escoto Erígena, Marsílio Ficino e Pico della Mirandola.

Características gerais
A característica fundamental do Neoplatonismo é a realização de uma síntese do pensamento filosófico com o pensamento religioso. Esta síntese é resultado do encontro entre a filosofia de Platão com as religiões pagãs orientais.
A intenção do Neoplatonismo, portanto, é de fornecer uma visão da vida que possa competir com a visão do judaísmo e do cristianismo, seja como doutrina ou como impulso do espírito em direcção aos mais elevados cumes da moral e da mística.
«O Neoplatonismo supera definitivamente a antiga religião mitológica. Para este sistema, as divindades do mundo grego são expressões poéticas de atributos divinos e criações fantasiosas do sentimento popular»[5]. Deus é único em si mesmo, totalmente distinto do mundo, e a sua natureza não pode ser expressa por ideias e conceitos humanos. A sua perfeição e transcendência são tais que tornam impossível qualquer contacto directo entre Deus e as criaturas. Assim, as criaturas procedem de Deus sem que ele o saiba.
O Neoplatonismo acentua mais o dualismo platónico entre sensível e inteligível, entre matéria e espírito, entre finito e infinito, entre mundo e Deus, elaborando uma moral ascética e mística.


[1] B. S. SANTOS, Platonismo e Cristianismo: irreconciliabilidade radical ou elementos comuns?,. Publicado em Veritas - Revista de Filosofia, 48 (2003), pp. 323-336.
[2] http://pt.wikipedia.or/w/index.php? Karl Praechter. 18 de Abril de 2010, 17:50m.
[3] J.DILLON, O Médio Platonismo: estudo do platonismo antes de Cristo, Londres, Duckworth, 1977, p.220.
[4] G. REALE, D. ANTISERI, História da filosofia, vol. I, Paulus, S. Paulo, 19903, p. 330.
[5] B. MONDIN, Curso de Filosofia, vol. 1, Ed. Paulinas, S. Paulo, 19864, p. 127.

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