INTRODUÇÃO
É a Igreja do Magrebe, ou seja, da Argélia, da
Tunísia e do Marrocos, que forma uma pequena comunidade feita mais de
estrangeiros, mas que quer ser um marco no diálogo com os muçulmanos. A
presença do cristianismo nessa região do norte da África é antiga e de grandes
santos e teólogos como Agostinho e Cipriano. grandes santos e teólogos como
Agostinho e Cipriano.
Ela teve uma grande história de testemunhos e
de martírios até que, a partir dos séculos XII e XIII, começou declinar diante
das invasões islâmicas que destruíram qualquer vestígio do cristianismo. Este,
praticamente, desapareceu e os poucos cristãos que ficaram eram estrangeiros de
passagem ou diplomatas. Uma Igreja, portanto, que não tinha vez, somente
marcava sua presença e se dedicava especialmente aos necessitados: uma presença
para transmitir uma esperança aos necessitados.
Ainda hoje, essa Igreja, já provada pelo
martírio de alguns membros, um bispo e monges, é chamada a sobreviver numa
região marcada por conflitos étnicos e religiosos, com graves económicos que
empurram milhares de pessoas a emigrarem, até clandestinamente, para a Europa.
A Igreja é chamada a dar sua cooperação no plano social.
REGISTOS HISTÓRICOS DA RELIGIÃO NA REGIÃO DO
MAGREBE
Na região do Magrebe mostra a sua inclusão
gradual no Mundo Clássico, com colónias costeiras estabelecida primeiro por
fenícios, alguns gregos, e mais tarde conquista extensa e colonização pelos
romanos. No século II, a área tornou-se um centro de fenício de língua
cristianismo, onde os bispos falaram e escreveram na Púnica, e até mesmo o
imperador Septímio Severo foi notado por seu sotaque
local. Ambos os colonos romanos e as populações romanizadas se converteram ao
cristianismo. A região produziu figuras como Christian Church escritor Tertuliano
(155 - +202); e mártires da Igreja cristã ou figuras importantes, como Perpétua e
Felicidade (mártires, 200 d.C); São Cipriano
de Cartago (+ 258); Stª Mónica, seu filho, o filósofo Stº. Agostinho, Bispo de Hipona (+ 430) (1) e Stª Júlia de Cartago (século L.)[1].
A dominação do cristianismo terminou quando as
invasões árabes trouxeram o Islão em 647. Cartago caiu em 698, e o restante da
região seguiram nas décadas posteriores. Islamização gradual prosseguiu, embora
as letras sobreviventes apresentaram correspondência dos cristãos regionais a
Roma até o século IX. O cristianismo ainda era uma fé viva. Bispados e dioceses
Christian continuou a ser activo, com relações estreitas com Roma. Tão tarde
quanto o Papa Bento VII (974-983) reinado, um novo arcebispo de Cartago foi
consagrada. Evidência do cristianismo na região, em seguida, desapareceu
durante o século X[2].
Durante o século VII, os povos da região
iniciaram sua conversão quase total para o Islão. Existe uma comunidade
pequena, mas próspera judaica, bem como uma pequena comunidade cristã. A
maioria dos muçulmanos seguiam o sunita
Maliki.
A forte tradição de venerar marabus
e tumbas de santos é encontrado em toda as regiões habitadas por berberes.
Qualquer mapa da região demonstra a tradição pela proliferação de " Sidi
"s, mostrando lugares nomeados após os marabus. Como algumas outras
tradições religiosas, esta diminuiu substancialmente ao longo do século XX. Uma
rede de zaouias
tradicionalmente ajudou a proliferar alfabetização básica e conhecimento do
Islão nas regiões rurais.
NA ÉPOCA DO IMPÉRIO ROMANO
No século I, a comunidade cresceu mais ainda em função de
dois factores:
O primeiro e mais importante foi ter acolhido judeus que se
refugiaram na região, vindos da Judeia, na época também parte do Império
Romano. Fugiam à violência dos exércitos romanos que lutavam contra os judeus
que se haviam rebelado contra o jugo de Roma. A primeira dessas levas de judeus
rumo à África Setentrional ocorreu em 70 desta era, após as tropas romanas
terem abafado a primeira revolta judaica e o exército de Tito ter tomado
Jerusalém e destruído o Segundo Templo.[3]
Flávio Josefo testemunha que durante o reinado do imperador romano Tito mais de
30 mil judeus da Terra de Israel foram levados pelos romanos para a Tunísia.
Ainda que lhes fosse permitido pela lei romana seguir sua religião em relativa
liberdade, a vida dos judeus na Tunísia foi muito dura nessa época, em
particular durante o governo dos imperadores romanos Vespasiano e Adriano.
O segundo factor que contribuiu para o crescimento da
comunidade judaica da Tunísia foi a conversão ao judaísmo de tribos berberes
que viviam no norte da África. Muitas lendas da região relatam tais conversões.
A Situação Dos Judeus No Império
Romano
A situação dos judeus em todo o Império Romano piorou sensivelmente
quando, em 392, o Cristianismo foi declarado religião do Estado e foram
promulgadas as primeiras restrições legais aos judeus. A população judaica viu
sua liberdade diminuir gradativamente, sendo excluída dos cargos públicos e
proibida de construir novas sinagogas, entre outras medidas discriminatórias.
Uma prova concreta da mudança em relação aos judeus pode ser
vista no trabalho Adversus Judaeorum, do legislador romano Tertuliano, nascido
em Túnis e grande defensor do Cristianismo. Em seus textos, ele descreve os
judeus como “fugitivos e vagabundos, condenados a viver espalhados pelo mundo
como resultado do desrespeito que tiveram com o Salvador”. Sinagogas foram
transformadas em Igrejas e se recorreu à tortura para obrigar os judeus a se
converterem[4].
Mas os dias do
império Romano do Ocidente estavam chegando ao fim e o séc. V e VI são palco de
profunda crise no mundo romano. Ondas de invasões de bárbaros na Europa e no
norte da África levaram à queda do Império Romano do Ocidente, por volta do ano
de 476.
Durante o século V, os reis bárbaros do norte da Europa,
dividiram o antigo Império Romano do Ocidente em diversos reinos. Os vândalos –
bárbaros de origem germânica – estabeleceram um reino na África do Norte.
Durante a dominação destes últimos (439-533), todas as medidas discriminatórias
contra os judeus foram revogadas e a comunidade judaica passou a viver um novo
período de bonança.
Esse período de paz e tolerância durou pouco, pois quando os
bizantinos (Império Romano do Oriente) retomaram a região, em 533, trouxeram de
volta difíceis provações para os judeus. As autoridades cristãs do Império
Bizantino aplicaram sobre a população judaica uma política de severa
intolerância. Um édito promulgado em 535 pelo imperador Justiniano, além de
proibir a prática da religião judaica, excluía os judeus de todos os serviços
públicos e os coagia, novamente, a se converterem ao cristianismo.
Perseguidos nos territórios sob hegemonia bizantina,
deixaram as cidades grandes e foram para as regiões montanhosas e para os
confins do deserto, mesclando-se às populações berberes, muitas das quais se
converteram ao judaísmo.
O ISLÃO CONQUISTA O MAGREBE
No séc. VII surge o Islão, como uma nova força
político-militar, além de religiosa, que vai mudar a geopolítica do mundo. Em
632, após a morte do profeta Maomé, seus seguidores iniciam o processo da
expansão muçulmana, conquistando a região do Magrebe em 642. Em certas regiões
do norte da África, os exércitos árabes enfrentaram uma longa e feroz
resistência por parte de tribos berberes judaizadas.
Segundo uma das tantas lendas da região, quem liderava uma
dessas tribos em 693 era a rainha de Aures, conhecida como Kahena. Segundo o
historiador árabe Ibn Khaldoun, Kahena era judia e seu nome derivaria da
palavra hebraica Cohen.[5]
Após uma longa luta, os conquistadores árabes acabaram
tomando o poder e obrigaram a população pagã a converter-se ao islamismo. No
entanto, em todos os territórios dominados pelos muçulmanos, estes concederam
aos “Povos do Livro”, adeptos do monoteísmo judeus e cristãos, o direito de
praticar sua religião, sob a condição de pagarem uma taxa por “cabeça”, a
djezia ou dhimma, em troca de protecção.[6]
Neste caso, considerados cidadãos de segunda classe, seu status social era
inferior ao dos muçulmanos e sua situação dependia muito dos governantes que
estavam no poder. Conforme a interpretação que cada dinastia dava à legislação
que governava os dhimmis, ou mesmo conforme o capricho de seus governantes, os
judeus e os demais dhimmis eram submetidos a uma série de humilhações públicas.
Entre estas, estava a “chtaka”, uma bofetada dada, em público, uma vez por ano,
ao chefe da comunidade judaica.
Porém apesar de todos os possíveis perigos com a conquista
árabe da região, a vida dos judeus melhorou gradativamente, à medida que os
novos conquistadores sedimentavam sua presença na nova capital Kairouan,
fundada em 670.
HISTÓRIA DE MARROCOS
Cerca de 278 AD romanos mudaram a
sua capital regional para Tanger e Volubilis
começou a perder importância. A região permaneceu como parte do Império Romano
até 429 d.C. como vândalos invadiram a
área administrativa e presença romana chegou ao fim.
De fato, no século V, a região caiu
nos vândalos visigodos e depois gregos bizantinos em rápida sucessão. No entanto,
durante este tempo, as altas montanhas da maioria da moderna Marrocos
permaneceu indomada, e ficou nas mãos de seus habitantes Berberes.[7]
Marrocos é um país do Norte da África
cujo nome é derivado de Marraquexe (vila imperial e capital de 1062 a 1269, e depois de 1524 a 1659). Habitado desde a Pré-história
por populações berberes,
o país conheceu povoamentos de fenícios,
cartagineses,
romanos,
vândalos,
bizantinos antes de ser islamizado pelos árabes.
Foi em 788
que Idris I, fugindo as perseguições do Califado
dos Abássidas,
e exilado nesta região, deu origem ao nascimento dum estado neste Maghreb
el-Aqça (Magrebe extremo ou extremo poente). Marrocos guardou sempre, a não
ser uma independência absoluta, pelo menos uma grande autonomia.[8]
O
Cristianismo em Marrocos
O cristianismo foi
introduzido no século II e ganhou converte nas cidades e entre os escravos e os
agricultores berberes. Até o final do século IV, as áreas Romanized tinha sido
cristianizada, e incursões foram feitas também entre as tribos berberes, que, por
vezes, convertidos em massa. Mas cismáticos e heréticos movimentos
também desenvolveu, geralmente como formas de protesto político. A área teve um
substancial judaica da
população.
No Marrocos explica dom Landucci "temos
mais ou menos 30 mil católicos, dos quais, 10 mil são idosos, estrangeiros que
trabalham no país há várias gerações. Outros 10 mil são diplomatas e restantes
são estudantes da África negra".[9]
A sua
Independência
Marrocos teve a mais suave transição para a
independência apoiada pela Igreja e o maior número dos cristãos permaneceu ai.
Tinha tido a mais longa presença crista: desde 1630, altura em que foi criada a
prefeitura Apostólica de Tânger. Quando teve a sua independência, o país
estabeleceu relações diplomáticas com a Santa Sé.[10]
TUNÍSIA
A Tunísia situa-se entre a Líbia e a Argélia, na costa
mediterrânea africana. Suas montanhas na região norte algumas com mais de 1.500
m de altitude são entremeadas por vales e planícies férteis. Caminhando em
direcção ao sul do país, as montanhas dão lugar a um planalto que,
gradualmente, perde altitude até alcançar uma série de lagos de água salgada. A
metade sul do território tunisiano faz parte do deserto do Saara. O norte do
país possui um clima mediterrâneo que se torna gradativamente mais quente e
seco à medida que se caminha em direcção ao sul[11].
Praticamente todos os tunisianos são muçulmanos, a maioria
de tradição sunita. Ainda assim, há minorias de judeus e de cristãos. Famosa
por ser um importante centro islâmico, a cidade sagrada de Kairouan, no norte
do país, costuma ser palco de peregrinações religiosas.
O Cristianismo na Tunísia
O Cristianismo chegou ao território da Tunísia no final do
século I e foi profundamente marcado pelo cisma donatista, um importante
movimento herético desencadeado pelo bispo Donato de Cartago no século IV.
Embora o islamismo tenha varrido a Tunísia no século VII, o cristianismo ainda
conseguiu sobreviver na região por mais 300 anos. No século XIII, uma nova
igreja foi implantada no país por missionários franciscanos e dominicanos[12].
Por enquanto, os muçulmanos tunisianos convertidos são
deixados em paz pelas autoridades, que passam a maior parte do tempo
restringindo a influência dos muçulmanos fundamentalistas. Esta situação é
favorável as cristãos de duas formas: distrai a atenção das autoridades e os
muçulmanos fundamentalistas, que formam uma possível fonte de perseguição, são
impedidos de perturbar os cristãos. Como a pressão internacional para suprimir
o movimento islâmico é grande nestes dias, não parece que a situação na Tunísia
venha a mudar de imprevisto.
Na Tunísia, os
católicos são aproximadamente 20 mil, a maioria dos quais são católicos franceses ou refugiados
libaneses. Amedrontados e isolados, os cristãos de cidadania tunisiana somam apenas
alguns milhares de pessoas e, por serem carentes de treinamento teológico, são
presas fáceis para a perseguição. Sublinha mons.
Martinelli que as celebrações "são ricas de elementos locais. Os
muçulmanos daqui são altivos, mas tolerantes. Parece que não há lugar para o
fundamentalismo. Existe um islão que quer o diálogo e não podemos fugir desse
anseio"[13].
Uma pequena semente num ambiente difícil, mas esperançoso de um futuro melhor.
A Perseguição
A constituição tunisiana declara o islamismo como a religião
oficial do país e determina que o chefe de estado seja um muçulmano. Por outro
lado, ela também assegura a liberdade de consciência e protege o livre
exercício de culto. Essa postura tem sido administrada diante do crescente
fundamentalismo islâmico no país e, embora haja tolerância ao culto cristão, o
governo não é favorável à evangelização. O Islamismo tem se enraizado na
sociedade e criado significativas barreiras culturais à conversão.
A importante estátua do cardeal Lavigerie foi relegada da
praça da cidade de Tunes para o cemitério da catedral e a própria catedral, uma
igualmente basílica, que dava à cidade a impressão de uma cidade cristã, foi
transformada num museu. Num acordo com a Santa Sé, o pacto de amizade foi
ratificado: de cerca de 70 Igrejas, todas, menos cinco, foram cedidas ao Estado
para utilização pública; a Sé primacial de África, a arquidiocese de Cartago,
foi reduzida a Prelatura de Tunes. De facto, a maioria dos Padres Brancos,
tinam já chegado à conclusão do Islão ao Cristianismo dificilmente teria lugar.
Daí que a sua verdadeira vocação em relação ao Islão seria o dialogo ecuménico,
o qual foi cultivado por vários grupos , até ao nível universitário[14].
O Futuro da Igreja na Tunísia
A Igreja tunisiana desfruta de certa liberdade na Tunísia, o
que permite seu crescimento. A tendência actual indica que a igreja tunisiana
poderá dobrar de tamanho por volta de 2050 e que a participação dos cristãos na
população deverá aumentar, pois a taxa de crescimento da igreja excede a taxa
de crescimento demográfico do país. É provável que o crescimento da igreja leve
a esmagadora maioria muçulmana a criar maiores restrições ao cristianismo.
Talvez o maior desafio para o futuro da igreja na Tunísia seja o treinamento de
líderes que apoiem o crescimento que está por vir.
CONCLUSÃO
Depois de uma leitura
feita acerca do tema, Magrebe: presença cristã em Marrocos, Tunísia e Argélia, apesar
de este último país não colocar no neste trabalho, quero acreditar que o
Cristianismo no Norte de África é um desafio total, visto que o Islão tomou
conta. Quando se diz que é um desafio e preocupante no sentido de ver por
exemplo Tunísia que tem Islamismo 99% e Cristianismo 0,5%. A Igreja do Magrebe
tem esperança que futuramente o Cristianismo retomará o seu lugar.
BIBLIOGRAFIA
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Karthala, 2001.
BAUR John, 2000 anos de Cristianismo em África, Edições Paulinas, São
Paulo,2002.
BERNET Anne, Les chrétientés d´Afrique, Éditions de
Paris, 2006.
GONZÁLEZ J.L., Uma História do Pensamento Cristã, ed. Cultura Cristã, Vol. Lisboa,
2004.
LUGER B., Históire du Marroc, Édition de Paris,
Paris, 1947.
PITERYS António, História geral da África Antiga, ed.
A.O, 1947.
[1] Cf. ANTÓNIO Piter, História geral da África Antiga, ed.
A.O, 19472, p. 247.
[2] Ibidem, 249.
[3] ANNE Bernet, Les chrétientés d´Afrique, Éditions de
Paris, 2006, p.174.
[4] Ibidem, p.177.
[5] ANTÓNIO, Piter, Op cit, p. 251.
[6] Idem, p 253.
[7] B. Luger, Históire du Marroc, Édition de Paris,
Paris, 1947, p. 15.
[8] Ibidem, p. 18.
[9] J. L. González, uma História do Pensamento Cristã, ed.
Cultura Cristã, vol. Lisboa, 2004, p. 89.
[10] J. BAUR, 2000 anos de Cristianismo em África, edições
Paulinas, São Paulo, 2002, p. 297.
[11] J. L.
González, Op cit, p. 116.
[12] Dominique Amauld, História du Christianisme en Afrique,ed.
Karthala, 2001, p. 21.
[13] Idem, p. 23.
[14] J. BAUR,
Op cit, p. 298.
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