terça-feira, 25 de setembro de 2012

O PROFETA MALAQUIAS

Introdução


Os profetas bíblicos eram pessoas inspiradas por Deus para recordar ao povo o seu chamamento e responsabilidades, enquanto povo de Deus. Para o nosso trabalho queremos falar do livro do profeta Malaquias e o seu contexto histórico. Procuraremos estabelecer a sua contextualização, o autor, mensagem teológica e comentário de uma pericope.



1. Autor e contexto histórico do profeta Malaquias

Segundo Lacy, o nome do profeta do livro de Malaquias não é conhecido. Assim, este livro é obra de um autor anônimo. Todavia, presume-se que um editor posterior atribuiu o nome de Malaquias ao livro, em 1,1, fazendo-o derivar da expressão “meu mensageiro” de 3,1 . Esta obra data-se por volta ao ano de 460 a.C.

O texto ilustra um ambiente degradado a nível moral, social e religiosa: “Deus se esqueceu de seu povo (1,2), os sacerdotes cometem irregularidades graves (2,1-9), no culto são oferecidas vítimas imprestáveis (1,7-14), a situação geral de injustiça (3,5) se reflecte na problemática matrimonial (2,14-16), Deus parece que não se importa mais com a justiça (2,17;3,14-15)” .



2. Conteúdos do livro

O livro é precedido por um título massa: Palavra do Senhor. E é composto por seis controvérsias que mantêm a forma: a crítica do profeta; réplica dos destinatários, indirectamente e em segunda pessoa e explicação da afirmação inicial.

I: Deus prefere Israel (1,2-5). Aqui se expressa o amor de Deus para o povo de Israel e mostra-se que Deus não odiou Edon.



II: Denúncia das acções cultuais indignas (1,6-2,9).

O profeta denuncia os cultos feitos e que estavam desajustados com a justiça contrariamente ao que era feito pelas nações estrangeiras empenhadas em honrar ao Senhor (1,11-14). A culpa recai sobre os sacerdotes que permitem as irregularidades por não ensinar a Torah.

III: As injustiças rompem a paternidade de Deus (2,10-16).

Nesta parte encontramos mencionados dois problemas: os matrimônios mistos e a questão do divórcio.

IV: Aborda-se o tema da retribuição e justiça divinas (2,17-3,5).

Igualmente se fala da prosperidade dos malvados que continuam sendo o problema mais grave da religião monoteísta (Jr 12,1) e a solução disso só se fará no futuro com a vinda do mensageiro do Senhor.



V: Deus exige conversão (3,6-12).

Se faz a denúncia das fraudes e Deus volta a defender a sua justiça exigindo a conversão do povo. Se o povo renovar a sua fidelidade a Deus, Ele também renovará a sua eleição e todas as nações serão benditas.



VI: Volta o tema da retribuição (3,13-20). Para os que crêem o futuro está repleto de esperança e de bênção.



3. Mensagem de Malaquias

Não há unidade da mensagem. “As três primeiras controvérsias condenam os delitos concretos e as três últimas abrem a esperança para o dia de Javé” . Em linhas gerais, Malaquias condena o culto descuidado. As diversas queixas de Deus ainda oferecem oportunidade de arrependimento e conversão. Mas o dia do juízo de Deus não dará essas faculdades. Mais uma vez Deus promete enviar um mensageiro a preparar o caminho do Senhor. Este é identificado com Elias (3,1.23-24). A verdadeira identidade do misterioso mensageiro costuma atribuir-se a João Baptista como precursor do Messias (cf. Mt 11,10).

Por outro lado, neste livro entrelaçam-se problemas cultuais com temas de justiça; os sacerdotes centram grande parte das discussões, mas para a salvação futura não desempenham nenhum papel importante.



4. Comentário de 3,1-17

Nesta pericope Deus promete que mandará um mensageiro para preparar o caminho da sua vinda justiceira (vv. 1-2). Esse julgamento será severo e terá início julgando os sacerdotes (v 3). Operando de cima para baixo, o julgamento divino purificará primeiramente o sacerdócio e o culto de Israel, de forma a torná-los aceitáveis para Deus (vv. 4-5). Por outro lado, deve haver, em primeiro lugar, uma verdadeira relação com Deus, antes de poder haver um relacionamento sincero dos membros do povo de Deus uns com os outros (vv. 6-17).

Conclusão

Como todos os profetas, Malaquias não foi uma excepção nenhuma. Conforme vimos, ele estava totalmente imerso nas alegrias e lutas do ambiente que o circundava. Malaquias pregou a condenação, em nome de Deus, do descuido e indiferença que grassavam no culto que era oferecido no templo e denunciou os pecados que violavam a aliança de Deus e tornavam inútil o culto litúrgico. Aliás, ele foi o mensageiro do culto segundo a Aliança. Ele sofreu com o povo, sonhou com um futuro melhor e promoveu uma visão nova do tipo de sociedade que Deus pretendia. Assim, ele serviu de instrumento de intervenção amorosa de Deus na vida das pessoas.



Bibliografia

LACY, J. M. Abrego de, Os livros proféticos, Ed. Ave-Maria, Brasil 1998.

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