No presente trabalho vamos falar sobre “o
Primeiro encontro de África cm o cristianismo”, particularmente nos seguintes
espaços geográficos: Egipto, África do Norte, Núbia e Etiópia. Para o efeito
vamos nos deter nos subsequentes aspectos: origem e florescimento e o declínio,
que serão tratados de uma forma sintética e concisa.
I. EGIPTO
1.
Início e florescimento do cristianismo
v O
início do cristianismo no Egipto remonta nos tempos apóstolos, e é caracterizado
por três etapas distintas:
· 1ª Etapa: Cristianismo
judaico: ligado aos apóstolos.
v Uma
tradição antiga aponta que o evangelista S. Marcos foi o primeiro evangelizador
do Egipto.
v Muitos
papiros escritos por volta do ano 100 atestam a existência de uma comunidade
cristã.
· 2ª Etapa: Cristianismo
helénico: ligado à Igreja Universal
v Neste
período helenista desenvolveu-se uma escola teológica fundada por Panteno, sucedido
por Clemente de Alexandria por volta do ano 200 e atingiu o seu auge sob Origens
(220-254). Esta Escola Teológica de Alexandria foi a primeira criadora de uma
teologia propriamente dita.
v O
patriarcado de Alexandria teve origem sob direcção do Bispo Demétrio (189-231),
que durante o seu episcopado a Igreja espalhou-se rapidamente e ele começou a
ordenar bispos fora de Alexandria conservando-os sob a sua supervisão. Atanásio,
um dos bispos ordenados por Demétrio, é considerado como o «Pai da Ortodoxia»,
pois defendeu firmemente a divindade de Cristo contra os arianos.
· 3ª Etapa: O
cristianismo Copta: (uma Igreja local inculturada)
v O
Cristianismo Copta é caracterizado pelo martírio, monasticismo e monofisismo e desenvolveu-se
sobretudo nas zonas rurais do alto Egipto.
· O
martírio do cristianismo copta deu-se entre os anos 303-306 em que havia
execuções diárias de até 20, 30 e mais cristãos.
· O
monacato era considerado como um substituto do martírio e foi a maior
contribuição do continente africano à Igreja universal.
· O
monofisismo é uma heresia cristológica que exalta a divindade de Cristo em
detrimento da sua humanidade.
2.
Opressão sob o domínio islâmico e período de declínio do cristianismo
v Esta
nova etapa começa com a conquista do Egipto pelos árabes em 640. No início, a
atitude islâmica para com os cristãos foi de tolerância, embora com algumas
descriminações. Mas a pressão continua do islão reduziu gradualmente a
comunidade cristã a uma minoria. A conquista dos árabes fora movida,
basicamente, por razões económicas que por detrás disso estava a submissão do
mundo inteiro ao islão por meio da guerra santa (Jihad).
II. ÁFRICA DO NORTE
1.
Inicio do florescimento do cristianismo
v Destacam-se
três grupos étnicos no Norte de África, a saber: os comerciantes fenícios; os berberes
(nativos) e os romanos. No entanto, o cristianismo chegou ao Norte de África
vestido de roupagem latina e é dentro dela que se desenvolveu. Isto sugere,
portanto, que os primeiros evangelizadores tenham vindo de Roma.
v Como
em Alexandria aqui também encontramos uma Escola Teológica de Cartago liderada
por Cipriano e Terturiano (180). Pelo seu martírio, Cipriano tornou-se a
autoridade teológica incontestável da Igreja Ocidental, ultrapassado somente
por Santo Agostinho que foi bispo de Hipona (390-430). Com este teólogo africano,
a Igreja atingiu o seu apogeu.
v Na
discussão com Pelágio, Agostinho mostrou a fundamental importância da graça
divina na obra da salvação. Contra os donatistas defendeu a eficácia dos
sacramentos que vem do próprio Cristo e não do sacerdote que os administra.
2.
Período de declínio
v
A invasão dos vândalos
durou cerca de 100 anos. Eles adoptaram o arianismo e oprimiram os católicos.
Justiniano, imperador romano conquistou o Norte de África e devolveu a
liberdade aos católicos.
v Em
697 Cartago caiu nas mãos dos árabes. Pelos seus ataques frequentes devastaram
e despovoaram o país obrigando toda a classe alta latinizada, assim como os
cristãos a fugirem para a Europa. Dos 300 bispos existentes antes da invasão só
ficaram 30 e apenas alguns restos das comunidades cristãs.
v Há
três causas principais que contribuíram para o fracasso do cristianismo no
Norte da África:
· Maior
parte da população não tinha sido tocada pelo evangelho e adoptou o islão com
grande facilidade;
· Falhou
a indigenização e a inculturação sob o peso da cultura, das estruturas da classe
latina. Parece que todas as orações eram feitas em latim, de tal maneira que
nunca foi encontrada qualquer oração ou passagem bíblica escrita em língua
berbere ou púnica;
· A
perda dos pastores deixou o povo cristão enfraquecido e a mercê dos novos
mestres.
III. NÚBIA
1.
Inicio do florescimento do cristianismo
v A
Núbia biblicamente era conhecida por Kush e a septuaginta traduziu como Etiópia
que significa África Negra. Em 240 Origens fala da existência dos cristãos na
Núbia. No Séc. IV fala-se de monges núbios no Egipto.
v A
conversão oficial da Núbia teve lugar durante o mandato de Justiniano o Grande,
que organizou por volta de 540, umas das grandes missões imperiais melhor
conhecidas. E com ele se unificaram os três reinos: do norte (Nobátia), o reino
central (Macúria) e o reino do sul (Álua).
v É
surpreendente que o reino cristão da Núbia floresceu entre os anos 700 a 1250,
quando todo o Norte de África se encontrava sob o domínio do islão. Os cristãos
núbios viveram em isolamento quase completo até que sucumbiram à invasão turca.
Este período de prosperidade começou com o rei Mercúrio de Macúria (697-710).
2.
Período de declínio (1250-1525)
v A
tomada do poder pelos turcos no Egipto no ano de 1172, foi um momento decisivo
para a Igreja Núbia. Os turcos foram muito mais hostis para com os cristãos do
que tinham sido os árabes. A Maior parte das Igrejas foram destruídas no I
século de domínio turco (1250-1350) e o cristianismo foi-se desintegrando
gradualmente.
IV. ETIÓPIA
1.
Inicio e florescimento do cristianismo
v Uma
tradição antiga aponta três períodos do advento do cristianismo:
· O
primeiro período é atribuído ao eunuco etíope como aquele que trouxe a fé. No
entanto, segundo John Baur este eunuco parece ser oriundo da Núbia. Mas um
facto evidente é que os primeiros cristãos, comerciantes helenistas, chegaram a
Aksum (actual Etiópia) nos primeiros séculos do cristianismo e o rei deu-lhes
permissão de terem a sua própria casa de oração;
· Ressalta-se
a figura de Frumêncio (Abuna Salama – nosso pai na fé) como aquele que trouxe o
sacerdócio. Este foi ordenado bispo por Atanásio que o enviou para evangelizar
a Etiópia. Por isso é considerado o pai da Igreja etíope.
· Destacam-se
os nove santos como aqueles que trouxeram a vida monástica vindos do Egipto por
volta dos anos 500. Um monge autenticamente missionário foi Libanos (um nobre
romano) que não só construiu igrejas e conventos, mas também traduziu o
Evangelho de São Mateus para a língua local (Ghueze). Com eles começou a tarefa
educativa da Igreja e, durante séculos, a única literatura etíope foi a
religiosa.
2.
Idade obscura da Etiópia (640-1270)
v Este
período compreende o tempo transcorrido entre a chegada dos árabes (640) e a
restauração da dinastia real salomónica (1270). Foi um tempo de isolamento com
o resto do mundo e de expansão do cristianismo para o interior do continente
africano.
v Os
Etíopes foram os únicos cristãos que, no início tiveram uma relação amistosa
com os muçulmanos. Mas com a expansão do islão para o interior aumentaram
também as tensões entre ambos grupos religiosos.
3.
Era clássica do cristianismo etíope (1270-1530)
v Três
elementos contribuíram para o triunfo do cristianismo quando sofria uma grande
crise do ocidente e sucumbia ao islão no oriente e na Núbia:
· A restauração da
dinastia salomónica: segundo uma tradição
aconteceu em 270 com a subida ao trono de Yekunnu Amlak. A cultura cristã etíope
alcançou o seu máximo esplendor mais tarde sob Zara Yakob (1434-1468), único
descendente vivo do último rei de Aksum.
· A Reforma religiosa:
ao início da idade de ouro do cristianismo etíope, houve duas grandes
personalidades monásticas que conseguiram renovar e impulsionar a vida dos
monges, que de facto eram os líderes religiosos do país: São eles: Takla Haymanot
(1215-1313), considerado o maior santo etíope; o segundo líder foi Ewoatatewos
(Eustácio, 1273-1352).
· O renascimento cultural:
A igreja etíope mantém-se fiel ao patriarcado copto de Alexandria apreciando a
sua apostolicidade seguindo a sua teologia ortodoxa e aceitando o seu
Metropolita Abun. Isto serviu como garantia de continuidade do sacerdócio, da
ortodoxia celebrando a sua liturgia própria de rito alexandrino etíope. Os
elementos especificamente indígenas estão presentes em todos os campos da vida
da Igreja (inculturação). A liturgia, rica em orações eucarísticas, é ainda celebrada
em Ge`ez, antiga língua de Aksum. Misturados
com esta rica liturgia permaneceram alguns restos da religião tradicional como
por exemplo: o sacrifício de animais na dedicação de uma Igreja e algumas práticas
do antigo testamento como as leis das abluções rituais e a observância do
sábado.
CONCLUSÃO
Chegados ao termo da nossa abordagem sobre
“o primeiro encontro da África com o cristianismo”, particularmente no Egipto,
África do Norte, Núbia e Etiópia, podemos concluir que tal como acontece com a
nossa vida quotidiana, o cristianismo nestes lugares teve os seus momentos não
só de prosperidade, mas também de fracasso. E é justamente isto que, de forma
sintética, procuramos evidenciar ao longo nosso trabalho.
BAUR, John; 2000 anos de Cristianismo em África, Edições Paulinas, Nairobi-Kenya
1994.
A Paz do Senhor, desejo o telefone do Missionário e Profeta Geln ele é da Etiopia,
ResponderEliminarestá aqui na Alemanha em München, hoe dia 09.12 ele ia na Assembleia mais houve imprevisto, portanto nao tive o privilégio de conhece-lo.
Peco Por favor o telefone dele da residencia e celular. Chamo-me Vanja Nause meu Emeil:
vanja.nause@yahoo.de
vanja.nause@yahoo.de
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