domingo, 2 de setembro de 2012

TESTEMUNHO VOCACIONAL

Testemunho do Padre Waswandi Athanase, director espiritual do Seminário Maior de Kinshasa(Congo).
Eu tenho fé no futuro do Sacerdote africano. Eu próprio sou Padre desde há muitos anos, e não vejo porquê outros jovens também não poderiam ser Padres, com sucesso.
No entanto, o problema número um, num Seminário Maior africano, é fazer perceber ao futuro Padre o valor da vida sacerdotal. Eu tenho sempre procurado dizer aos seminaristas que a primeira aspiração deles deve ser: serem instrumentos nas mãos de Deus e “pastores do seu povo”, conforme o exemplo de Cristo , que deu tudo pelos seus, até mesmo a própria vida.
Um provérbio nosso diz: “Quem quer ser pastor, tem que aprender a correr mais rápido do que o rebanho”. Isso significa que um chefe, a nível de família ou de aldeia, precisa de certas qualidades: disponibilidade a entregar-se, Espírito de sacrifício, capacidade de escutar e de prever as coisas, preocupação pelo bem comum, respeito por cada um, disponibilidade a trabalhar e perseverança em levar a cabo as tarefas empreendidas, capacidade em trabalhar em conjunto com os colegas e os superiores, recusa de qualquer forma de ditadura, capacidade de avaliar objectivamente as situações e de confrontar as próprias ideias com as ideias dos outros, disponibilidade de dialogar com serenidade nas reuniões, sabendo explicar os porquês das decisões tomadas, amor pela verdade, entendida também como transparência na gestão económica e fidelidade à palavra dada.
Todas estas virtudes, o nosso povo conhece-as de cor e quer vê-las em qualquer um que seja considerado um sábio, um chefe, um “bom pastor”. Geralmente, são virtudes próprias de um velho. Mas com os jovens como fazer?
Os nossos Seminários deveriam formar “velhos”, senão quanto à idade, pelo menos quanto à sabedoria. Eu tento trabalhar assim, mas não é fácil.
Evangelizar não é só saber pregar. É preciso saber enraizar o evangelho na cultura local, que muitas vezes os seminaristas já não conhecem; é preciso inculturar a liturgia; e sobretudo é preciso criar, guiar e animar as pequenas comunidades. Essas comunidades necessitam de um sábio que saiba apontar-lhes o caminho; confortá-las nos momentos difíceis; levá-las a um maior compromisso social, de acordo com o ensinamento – às vezes até revolucionário – dos últimos documentos da Igreja. Infelizmente os padres novos que saem dos nossos Seminários não são “pastores” proféticos.
Muitas vezes têm uma mentalidade burguesa. São sempre espreitados pela tentação de considerar o sacerdócio como um emprego que vai assegurar uma promoção social. Cabe ao formador, através do seu testemunho, mostrar que, no nosso país, há lugar para o Padre que, sem poder nem riqueza, é estimado e procurado por todos porque é sábio, perito nas coisas sagradas e humanas, capaz de entrar em contacto com Deus.
Digo sempre aos meus jovens: antes de ensinar aos outros, educa – te a ti mesmo; antes de governar os outros, aprende a dominar – te a ti próprio; se queres santificar os outros, torna – te homem de Deus. E lembro – lhes este provérbio: ”se queres ser um bom batuqueiro, tens que descobrir o ritmo do teu coração”. Este ritmo, num Padre – pastor, tem que ser marcado pelo pulsar do coração de Cristo. Então o povo perceberá quanto é bonito e autêntico esse “Batuque”. E dançará ao seu ritmo.

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