terça-feira, 30 de abril de 2013

A CRISTOLOGIA DOS SALMOS


RELEITURA CRISTOLÓGICA DOS SALMOS
A Liturgia, em sentido orante e pedagógico, tendo como centro o mistério pascal de Cristo, emprega o salmo sempre, em dimensão cristológica. Vê-se, pois, que o Saltério é um livro profético e messiânico, na direcção de Cristo e que se gravita em torno d’Ele.
O fundo cristológico dos Salmos segue uma dupla direcção. A mais frequente é a chamada cristologização de “baixo para cima”, ou ascendente. Aqui, na voz do salmista, percebe-se a voz de Cristo dirigida ao Pai. Vox Christi ad Patrem. No homem caluniado, perseguido e aflito, a liturgia ouve como que o Cristo padecente, o Servo de Yhaweh, em sua situação de Kénosis ou seja de humilhação e despojamento. É o caso, por exemplo, do Salmo 21 (22). Já a outra linha segue uma direcção descendente. É a cristologização de “cima para baixo”. Cristo já não é aqui, considerado em baixo, na kénosis, mas em cima, em sua glorificação. A voz então que se ouve no Salmo é a da Igreja, ou do fiel, que se dirige a Cristo Vox ecclesiae ad Christum. Cristo é, então, não sujeito mas destinatário, objecto do Salmo. Santo Agostinho, unindo as duas perspectivas, diz: o Salmo é a voz do Cristo Total, Cabeça e Corpo. (http:// www. São Vicentemartir.com.br).
A prática do Antigo Testamento, que considerava os Salmos um elemento importante da liturgia, explica a razão desta presença também no Novo Testamento. O Livro dos Salmos ocupa um lugar privilegiado no Novo Testamento porque, juntamente ao Pentatêuco e aos Livros Proféticos, era considerado um testemunho da revelação. É evidente que os cristãos herdaram as convicções principais do judaísmo no que diz respeito à Escritura. A Escritura e Cristo São realidades relacionadas uma com a outra. Em tudo isso, o ponto de partida é a ressurreição de Jesus.
O Novo Testamento refere à Jesus várias citações de Salmos, mesmo que nem sempre seja possível demonstrar a autenticidade destas citações nas palavras de Jesus. Entre as várias citações, algumas são de uma certa importância, por exemplo: o Sl 22,2 em Mc 15,34: “E as três da tarde, Jesus exclamou em alta voz: “Eloí, Eloí, lemá sabachtáni?”, que quer dizer: Meu Deus, porque me abandonaste?”. Jesus cita o Salmo 22, e esta passagem, no contexto do Antigo Testamento, significa a angústia profunda com que alguém se debate, sem que se partam os laços que o ligam a Deus. Ao mesmo tempo, quer significar a identificação de Jesus com o Messias sofredor, como Ele próprio tinha anunciado.
Depois de Jesus, os discípulos fazem uso dos Salmos e se servem deles para exprimir a sua nova fé (Apontamentos de Salmos de Padre Massimo Roblo-Seminário Santo Agstinho-Matola).

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