O LIVRO DE JEREMIAS
Jeremias (heb. Yirmeyahú) que significa “Iahweh designou, estabeleceu”). O livro dele contém herança do profeta que actuava nos últimos 50 anos da independência de Judá. Esta herança em hebraico é chamada dibrê isto é, palavras e ao mesmo tempo acções. Este livro dá-nos a apresentação mais completa de um profeta que encontramos no AT.
Jeremias é um profeta que encontramos no AT, viveu numa época de ameaças, castigos, lamentações, instrução e desvio de Israel.
Nasceu no ano de 650 no nordeste de Jerusalém, filho de uma família sacerdotal. Prega as tribos de norte; o profeta tem elementos comuns com a tradição de Moisés. Conhecia a história do seu povo, confia em Deus e professa a sua fé. É um homem muito religioso; é homem de fé e de oração.
COMPOSIÇÃO DO LIVRO
Durante dois séculos Assíria dominava no antigo Oriente Médio. O império chegou ao cume da sua história no tempo de Asaradon (680-669 a.C). O sucessor dele Assurbanipal (669-627 inscrição de Harã) mantinha estaposição só no início do seu reinado, mas no final já apareciam sinais de declínio. Assim o livro está estruturado da seguinte maneira:
I Introdução e o chamamento do profeta “vocação” (1,1-19);
II oráculo do povo de Edon, pregação do profeta (2,1-25,38);
III oráculos contra as nações (46,1-51,64); justificação do mistério do profeta com uma mensagem de esperança (26,1-45,5);
IV secção narrativa;
V apêndices históricos (52,1-34);
A mensagem do livro
A conversão: aspectos culturais e sociais.
Voltar para o seu povo, anuncia o castigo e esperança em Deus.
A função do livro: Deus quer se reconciliar com o seu povo através da Nova aliança. A nova aliança será uma aliança escrita nos corações do homem.
A teologia do livro
Na mensagem de Jeremias podemos perceber ligação com várias tradições do AT. A vocação do profeta tem muitos elementos comuns com a de Moisés. Jeremias reflecte sobre o êxodo, passagem pelo deserto, entrada na terra prometida, questionando ao mesmo tempo a ingratidão e a infidelidade do povo.
A aliança com Deus por natureza era condicional (Dt 28,1ss), e a obediência era a condição para o povo poder viver na sua terra. Nas suas palavras Jeremias fala tanto da aliança quebrada como da decisão de Deus de renová-la (2,20; 7,5-10,31-34. 32,37-41).
O relacionamento entre Deus e seu povo Jeremias, como Oséias, compara também com o da família: entre marido e mulher, pai e filho (2,2; 3,13-14; 31,20).
O tema da intercessão: em 5,1 temos reminiscência de intercessão de Abraão pelos moradores de Sodoma e Gomorra, porém Jeremias, que também era grande intercessor, parece indicar que Jerusalém chegou ao estado em que a intercessão não era mais possível (7,16; 11,14;14,11).
A mensagem profética depende do tempo: a teologia de Sião, baseada nas promessas feitas a David, considerada uma garantia da protecção de Jerusalém, Jeremias considera uma garantia falsa, pois ela também depende da conversão (3,12-13).
O lugar central da pregação de Jeremias ocupa a palavra de Iahweh. Ela tem uma força enorme. Tanto construtiva como destrutiva, sempre se cumpre (1,12), é como o fogo ou martelo (23,29). Ninguém pode controlá-la, nem mesmo o próprio profeta (20,8-9). Outro tema importante para Jeremias é o pecado, Roubo, assassinatos, adultério, juramentos falsos, culto de outros deuses são o exemplo mais comuns. O profeta tem tudo isso na mente quando fala que o povo “esqueceu-se de seu Deus” (2,32; 3,21; 13,25) e assim também quebrou a aliança (11,10). O pecado atinge as maiores profundidades do coração (17,9-10; 10,23-24).
Deus Iahweh é um Deus vivo, comparável à fonte de água viva (2,13), ele está presente em todo o universo (23,24), e é Senhor da criação (5,22-24), Ele dá a terra a quem achar justo (27,5-6). Deus é quem sabe tudo (12,3; 15,15; 18,23), conhece pessoas humanas e acontecimentos (1,5; 29, 11). Ele lembra se do bem e do mal (2,2; 14,10), mas quando perdoa esquece o mal (31,34). Iahweh é justo e julga com justiça (11,20).
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