ETIÓPIA
1. Inicio e florescimento do cristianismo
v Uma tradição antiga aponta três períodos do advento do cristianismo:
· O primeiro período é atribuído ao eunuco etíope como aquele que trouxe a fé. No entanto, segundo John Baur este eunuco parece ser oriundo da Núbia. Mas um facto evidente é que os primeiros cristãos, comerciantes helenistas, chegaram a Aksum (actual Etiópia) nos primeiros séculos do cristianismo e o rei deu-lhes permissão de terem a sua própria casa de oração;
· Ressalta-se a figura de Frumêncio (Abuna Salama – nosso pai na fé) como aquele que trouxe o sacerdócio. Este foi ordenado bispo por Atanásio que o enviou para evangelizar a Etiópia. Por isso é considerado o pai da Igreja etíope.
· Destacam-se os nove santos como aqueles que trouxeram a vida monástica vindos do Egipto por volta dos anos 500. Um monge autenticamente missionário foi Libanos (um nobre romano) que não só construiu igrejas e conventos, mas também traduziu o Evangelho de São Mateus para a língua local (Ghueze). Com eles começou a tarefa educativa da Igreja e, durante séculos, a única literatura etíope foi a religiosa.
2. Idade obscura da Etiópia (640-1270)
v Este período compreende o tempo transcorrido entre a chegada dos árabes (640) e a restauração da dinastia real salomónica (1270). Foi um tempo de isolamento com o resto do mundo e de expansão do cristianismo para o interior do continente africano.
v Os Etíopes foram os únicos cristãos que, no início tiveram uma relação amistosa com os muçulmanos. Mas com a expansão do islão para o interior aumentaram também as tensões entre ambos grupos religiosos.
3. Era clássica do cristianismo etíope (1270-1530)
v Três elementos contribuíram para o triunfo do cristianismo quando sofria uma grande crise do ocidente e sucumbia ao islão no oriente e na Núbia:
· A restauração da dinastia salomónica: segundo uma tradição aconteceu em 270 com a subida ao trono de Yekunnu Amlak. A cultura cristã etíope alcançou o seu máximo esplendor mais tarde sob Zara Yakob (1434-1468), único descendente vivo do último rei de Aksum.
· A Reforma religiosa: ao início da idade de ouro do cristianismo etíope, houve duas grandes personalidades monásticas que conseguiram renovar e impulsionar a vida dos monges, que de facto eram os líderes religiosos do país: São eles: Takla Haymanot (1215-1313), considerado o maior santo etíope; o segundo líder foi Ewoatatewos (Eustácio, 1273-1352).
· O renascimento cultural: A igreja etíope mantém-se fiel ao patriarcado copto de Alexandria apreciando a sua apostolicidade seguindo a sua teologia ortodoxa e aceitando o seu Metropolita Abun. Isto serviu como garantia de continuidade do sacerdócio, da ortodoxia celebrando a sua liturgia própria de rito alexandrino etíope. Os elementos especificamente indígenas estão presentes em todos os campos da vida da Igreja (inculturação). A liturgia, rica em orações eucarísticas, é ainda celebrada em Ge`ez, antiga língua de Aksum. Misturados com esta rica liturgia permaneceram alguns restos da religião tradicional como por exemplo: o sacrifício de animais na dedicação de uma Igreja e algumas práticas do antigo testamento como as leis das abluções rituais e a observância do sábado.
CONCLUSÃO
Chegados ao termo da nossa abordagem sobre “o primeiro encontro da África com o cristianismo”, particularmente no Egipto, África do Norte, Núbia e Etiópia, podemos concluir que tal como acontece com a nossa vida quotidiana, o cristianismo nestes lugares teve os seus momentos não só de prosperidade, mas também de fracasso. E é justamente isto que, de forma sintética, procuramos evidenciar ao longo nosso trabalho.
BAUR, John; 2000 anos de Cristianismo em África, Edições Paulinas, Nairobi-Kenya 1994.
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