terça-feira, 30 de abril de 2013

PENTATEUCO III


1.5. Divisão do Pentatêuco
A divisão do Pentatêuco em cinco livros é atestada antes de nossa era pela visão grega dos Setenta. Com efeito, a divisão é feita segundo os conteúdos, a saber:
a). Génesis: é o livro que nos traz reflexões sobre as origens do mundo, do Homem, do pecado e suas consequências, do Povo de Deus. Começa narrando a história das origens do mundo, do homem e da mulher, do povo hebreu, depositário da revelação até Cristo. E está dividido em duas partes:
1ª (Gn 1-11): narra a história primitiva que é o ponto de partida da história de salvação, ela remonta as origens do género humano e a sua relação com o universo e com Deus. Relata a queda original (pecado) e suas consequências (dilúvio, Torre de babel, etc.)
2ª (Gn 12-50): é uma narração dos patriarcas: reúne as recordações que conservaram sobre os nossos antepassados, sobretudo a fé de Abraão, Isaac, Jacob, José e toda a sua descendência. Esta história é popular porque se circunscreve em episódios pessoais e nos traços pitorescos, sem nenhuma preocupação de relacionar essa história com a história geral. A história patriarcal é uma história religiosa porque todos os momentos decisivos são marcados por uma intervenção divina e neles, tudo aparece como uma providência. Os factos narrados pretendem demonstrar uma tese religiosa segundo a qual “há um só Deus Iahweh, que formou um povo “Israel” e lhe deu uma terra prometida de nome Canaã “Palestina”. É a parte em que se faz a reconstrução da história dos antepassados.

Diferenças dos relatos sobre a criação no Génesis
1º Relato (Gn 1,1-2,4ª): é a tradição sacerdotal; fala da criação do céu e da terra, das árvores, das águas, da luz, dos animais e tudo o que nela existe, porém a criação durou uma semana, isto é, sete dias, com descanso no sétimo dia, isto é, sábado.
2º Relato (Gn 2,4b-25): é um relato da tradição Javista. Fala da criação do céu e da terra, criação do homem e da mulher e, fala também da criação dos animais. Este relato não fala da duração da criação.
Portanto, notamos que Deus escolhe um povo, o povo hebreu, para ser veículo de fé, de fidelidade, de obediência ao Deus único e de vivência autêntica.
Este livro pretende dar ênfase a bondade criadora de Deus, as infidelidades do homem pecador e a Promessa da salvação e a história dos Patriarcas. O Deus que se apresenta é o Deus da história.

b) Êxodo: este livro narra sobre a saída do povo hebreu do Egipto. Desenvolve dois temas principais: a libertação do Egipto (1,1-15,21) e a Aliança no Sinai (19,1-40), mas ambos interligados pelo subtema: a marcha através do deserto (15,22-18,27). Moisés recebe a revelação do nome de YHWH na Montanha de Deus, pois Ele é o condutor dos israelitas libertos da escravidão. Deus faz Aliança com o seu povo e dita-lhes as suas leis. Esta Aliança será posteriormente violada mediante adoração de falsos deuses. Mas Deus na sua infinita bondade renova a sua Aliança. Ele intervém na libertação do povo por Ele escolhido. Esta saída do Egipto para a Terra Prometida quem a lidera é Moisés.
É o livro que pretende sublinhar a história da nossa redenção, pondo em relevo a libertação de Israel na escravidão do Egipto.

c) Levítico: chama-se assim porque traz as leis do culto e as obrigações dos Sacerdotes e levitas. Nome que provém de Leví, a tribo de Israel escolhida para exercer a função sacerdotal no meio do povo. É o livro de carácter exclusivamente legislativo, interrompe a narração dos acontecimentos. Contém um ritual dos sacrifícios (1-7), o cerimonial de investidura dos sacerdotes, aplicado a Arão e seus filhos (8-10), norma sobre a pureza e a impureza (11-15), ritual sobre o grande dia das expiações e a lei da santidade, Calendário litúrgico e as bênçãos e maldições em Israel (16-26), sobre o resgate das pessoas, dos animais e dos bens consagrados a Deus (Lv 27).
O livro exorta ao respeito pelo culto a Deus libertador que vive no meio do povo, reconhecer os seus dons através dos seus sacerdotes e voltar sempre à comunhão com Ele por meio do perdão; ser coerente a Aliança, ser santo como o Senhor é Santo (19,2).
Em conexão com os livros de Esdras e Neemias, realça as exigências da pureza e da santidade no serviço de Deus.

d) Números: chama-se assim pelo facto de ter iniciado com o recenseamento do povo hebreu no deserto (1,1-17). O livro retoma o tema da marcha pelo deserto. A partida do Sinai é preparada por um recenseamento do povo (1-4) e pelas grandes ofertas feitas pela dedicação da tenda da reunião (Nm 7).
Este livro dirige-nos a um conhecimento mais profundo do plano de Salvação. Assim como israelitas saíram da escravidão no Egipto para chegarem à terra prometida, também o povo de Deus peregrina rumo ao reino prometido por Jesus Cristo no NT.
Por meio da Arca da Aliança, Deus está sempre no meio do seu povo. É necessário aprender a viver na liberdade e conquistá-la continuamente para não cair de novo na escravidão do pecado.
Representa o tempo de provações em que Deus instui e castiga seus filhos, preparando a congregação dos eleitos.

e) Deuteronómio: quer dizer segunda Lei. É o livro que relata novamente a promulgação da Lei da Aliança. Convida à conversão e fidelidade.
Este livro tem uma estrutura especial e particular. É um Código de leis civis e religiosas (12,1-26,15) enquadrados num grande discurso de Moisés (5-11 e 26,16-28,68). Eis a estrutura do livro:
         ● Dt 1-4,43: primeiro discurso de Moisés;
         ● Dt 4,44-11,32 e 27,16-28,68: segundo discurso de Moisés;
         ● Dt 12,1-26,15: é o código de leis civis e religiosas;
         ● Dt 29-30: terceiro discurso de Moisés;
         ● Dt 31-34: a missão de Josué, cântico e bênção de Moisés e sua morte.
O livro do Deuteronómio diz que, Israel viverá feliz na terra prometida se for fiel a Aliança de Deus. O homem, deste modo, é chamado a ser aliança e a viver segundo os preceitos do Senhor (Dt 6,4-9). Por isso deve estar ao alcance da lei e fiel a Aliança de Deus, Ele que é Pai que educa e cuida dos seus filhos (Dt 1,31).
Este livro deve ser lido projectando-se na profecia de Jeremias, porque tem maior aproximação temporal e no espírito-“Releitura” da história da salvação.
O mistério Pascal de Cristo é a verdadeira redenção que Iahweh realiza no meio do seu povo. É a partir deste mistério em que cada homem é chamado a renovar sua vida para entrar com alegria e paz na glória do nosso redentor Jesus Cristo.

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