terça-feira, 30 de abril de 2013

INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA

Interpretação
O sentido autêntico das Sagradas Escrituras podemos conhece-lo pela Igreja, porque só a Igreja não pode errar na sua interpretação. Já da definição da Sagrada Escritura, ensinada pelo Concilio Vaticano I, se desprende esta condição essencial da interpretação da Bíblia, a saber, que unicamente a Igreja, mediante o seu Magistério, e o interprete autentico da Sagrada Escritura. E isso no duplo sentido positivo e negativo: há que aceitar como sentido bíblico o que tenha sido proposto pelo Magistério da Igreja (quer directamente quer de uma maneira indirecta); deve ser rejeitada toda a interpretação que não concorde com esse sentido proposto pelo Magistério. Por isso a Sagrada Escritura não pode ser entendida por quem não tenha fé crista. Acontece perante a Bíblia o que acontece perante a figura de Jesus Cristo: quem não tiver a fé, só poderá ver em Jesus um homem evidentemente extraordinário e singular; mas com isso fica muito longe da verdade, e portanto, não entendera Jesus Cristo quem não crer que e o Filho de Deus Encarnado, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, o único Salvador e Redentor da humanidade.
Paralelamente, a Bíblia, no seu sentido profundo, não pode ser entendida por quem não crer na sua inspiração divina e em que tem Deus por autor principal. Este facto e norma imprescindível para uma recta interpretação da Bíblia, não podendo ser submetida por nenhuma técnica humana: literária, histórica, filosófica, etc.
Santo Agostinho, depois de escrever várias dificuldades sobre a interpretação da Escritura, respondia a um amigo seu: “Faça-se cristão o que as propôs, não aconteça que, se espera resolver todas as questões acerca dos livros santos, acaba esta vida antes de passar a morte para vida. Há inumeráveis problemas que não podem ser resolvidos antes de crer, com o risco de terminar a vida sem fé. Uma vez aceite a fé, podem estudar-se com empenho para exercitar o deleite piedoso da mente fiel”[1].
Enquanto e também o livro humano de notável antiguidade, são úteis por vezes certos esclarecimentos de carácter histórico, literário, etc., como acontece com qualquer documento antigo.
A este propósito, podemos recordar a comparação que fazia Santo Agostinho: os Israelitas ao sair do Egipto levaram consigo objectos valiosos de ouro, prata, pedras preciosas, vestidos, etc., que os Egípcios utilizavam para o seu adorno pessoal ou para o culto idolatrico. Mas precisamente destes objectos preciosos se valeram os Hebreus para fabricar os ornamentos para prestar culto ao Deus verdadeiro.
O Santo Bispo da Hipona recolhe esta ideia aplicando-a ao só das ciências humanas (filosofia, história, literatura, etc.,), para a inteligência das Escrituras, com a condição de as aplicar verdadeiramente ao serviço das Escrituras, quer dizer, com humildade e reverencia e com a invocação da graça divina: “Aquele que se dedica ao estudo das Sagradas Escrituras (…), não deixe de pensar naquela máxima apostólica: a ciência incha, a caridade edifica (1Cor 8,1); porque sentira que, apesar de ter saído rico de Egipto, se não celebra a Pascoa, não poderá salvar-se”[2].
Tudo aquilo que o hagiógrafo afirma, enuncia ou insinua, deve reter-se como afirmado, enunciado ou insinuado por Deus, que não pode nem enganar-se nem enganar-nos. A veracidade indica a adequação do que se diz com o que se pensa ou sente; a inerência significa carência absoluta de erro. Portanto, na Sagrada Escritura não pode haver erro algum, pois, uma vez que e toda inspirada, o autor de todas as suas partes e o próprio Deus.


[1]  Epistola, 102,6,38.
[2]  De Doctrina Christiana, 2,9,14.

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