terça-feira, 30 de abril de 2013

O LIVRO DE JOB


6. 1. Jó
É um homem rico e justo subitamente posto à prova por uma enorme calamidade que lhe leva toda a fortuna e os filhos e que acaba por atingí-lo a ele mesmo com uma doença terrível que o deixa à beira da morte[1]. Apesar da sua dor Jó não se revolta contra Deus, mas aceita a imensa provação, convertendo-se em protótipo do homem paciente, resignado e piedoso. Por fim é recompensado por Deus da sua tenaz fidelidade e paciência, recupera a saúde, é abençoado com numerosos filhos e os seus bens atingem o dobro do que possuía anteriormente.
O responsável directo pelo sofrimento de Jó é Satanás.
A história tradicional de Jó era um conto sapiencial que exaltava o valor da confiança absoluta em Deus ao mesmo tempo que reafirma a validade da tese da tradição sapiencial sobre a justiça retributiva de Deus[2].


6. 2. Autor e data
Não se sabe de concreto, mas trata-se de um sábio de Israel possuidor de uma grande cultura humanista e profundamente conhecedor da tradição sapiencial de Israel e de todo o Médio Oriente.
O livro foi escrito no século V a.C., na época de Esdras e Neemias.
O autor de Jó é o primeiro a reflectir sobre o drama do sofrimento humano e sobre as implicações teológicas.

6. 3. Género Literário
O texto reflecte sobre o sofrimento, é, portanto, uma lamentação.
Do ponto de vista literário, o livro de Jó apresenta-se dividido em duas secções principais, que se notam bem pela forma, pelo estilo e pelas ideias. A secção inicial e final, ambas escritas em prosa, apresentam-nos a personagem central do livro, a figura de Jó (Difusora Bíblica-franciscanos capuchinhos p. 794).

6. 4. Mensagem Teológica:
A doutrina da retribuição não funciona, mas todo o sofrimento tem alguma razão.
Deus pronunciou uma série de perguntas que ficaram sem respostas:
Não participação de Jó na criação;
Perguntas relativas à conquista de Jó na vida;
A vida dos animais (hipopótamo e crocodilo) que são o símbolo do caos;
Jó conclui dizendo que Deus sabe o que faz. Em suma, neste livro recusa-se que a causalidade de todo o sofrimento deve ser atribuída, seja ao homem, seja a Deus. A ética e o ciclo da vida com os seus percursos naturais de sofrimento e morte são dois processos coexistentes, mas autónomos (Difusora Bíblica-franciscanos capuchinhos, p. 795).


[1] Cf. José Ornelas, in Livros Sapiências, Op. Cit., p. 92.
[2] Idem, p. 93.

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