sexta-feira, 19 de abril de 2013

OS PORTUGUESES EM MOÇAMBIQUE III

Missões posteriores sob os Monomotapas Cristão
Novos começos por parte dos Dominicanos (1577) e dos Jesuítas (1607)
Logo depois da expedição punitiva, teve lugar uma tentativa missionária. Em 1577, os Padres Dominicanos em caminho para Madagáscar foram convidados a abrir um Convento em Moçambique. Mais tarde, abriram missões em Sofala e Tete. A primeira coisa que tiveram de fazer, foi reconverter os comerciantes goeses e portugueses e, depois começaram uma actividade missionária. O Padre João dos Santos, o missionário mais eminente desta época, fala de 20.000 baptizados antes do ano 1591, entre os quais havia muitos chefes[1].
O Monomotapa Gatsi Rusere (1598-1625) permitiu gradualmente a entrada dos missionários no seu reino. Alguns chefes revelaram-se contra ele por razões pessoais. Gatsi Rusere pediu ajuda aos Portugueses de Tete que ofereceram em várias ocasiões. Em agradecimento, concedeu-lhes quatro centros importantes para o comércio e para a missão. Em 1607 deu ao rei de Portugal as minas de prata de Chicoa e mandou a dois dos seus filhos aos Dominicanos para serem educados. Em 1607, um novo governador levou os Jesuítas com ele, que, naturalmente queriam trabalhar no reino de Monomotapa, mas os Dominicanos tinham o monopólio do território e os Jesuítas tiveram de abrir as suas missões ao longo do Zambeze. A crescente actividade missionária exigia uma Diocese independente na África Oriental. Mas a coroa permitiu apenas estabelecer em Moçambique uma administração independente, chamada vicaria perpétua. Esta foi desmembrada de Goa em 1612. O administrador morava normalmente em Sena. Em 1620, excluindo a região de Mombaça, os Jesuítas estavam presentes em 11 postos de missão com 42 Padres, dos quais 18 ficavam mesmo em Moçambique[2].
  
Um Monomotapa Cristão sem poder (1628-98)
Kapararidze, filho e sucessor de Gatsi Rusere não gostava que os missionários circulassem livremente por todo o País. As tensões finalmente levaram à guerra. O Padre Luís do Espírto Santo, um Dominicano nascido em Moçambique, formou um exército, conquistou Zimbabué e entronizou Mavhura, tio de Kaparatidze e estudante dos Dominicanos (1628). Depois de 8 meses de catequese, Mavhura, as suas mulheres e alguns nobres receberam o Baptismo. Em consequência, os missionários eram livre para pregar onde quisessem, enquanto os muçulmanos tinham de sair do País até um ano. Ao mesmo tempo, os reinos independentes de Manica (1631) e Kitwe (1644) foram reduzidos ao estado satélites de Portugal. O mercado dos escravos expandiu-se consideravelmente.
Nestas condições, a pregação do Evangelho teve pouco impacto sobre a povoação. Os Dominicanos fizeram um grande erro ao colaborarem para fazer do Monomotapa um súbdito português com a esperança de cristianizar mais facilmente o País graças ao baptismo. Embora todos os sucessivos Monomotapas fossem baptizados, o Baptismo apenas era para a maioria deles um rito de entronização, que os designava como súbditos do rei do Portugal. Esta maneira de perceber o baptismo, em vez de acrescentar, minou a base da autoridade dos Monomotapas.


[1] JHON BAUR, 200 Anos de Cristianismo Em África, P.80
[2]JHON BAUR, 200 Anos de Cristianismo Em África, p.80

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