terça-feira, 30 de abril de 2013

CARTA AOS TESSALONICENSES

Introdução
No tempo de Paulo, Tessalónica era uma cidade da segunda grandeza do império depois da Alexandria, Antioquia, Corinto, Éfeso, Cartago e Lião.
A população é maioritariamente romana e grega com fortes contrastes político-sociais. Abundavam também comerciantes vindos de toda a parte do império, pobres em grande número, escravos que eram quase 1/3 da população.
Havia também uma influente colónia judaica com própria organização (Sinagoga, Tribunal e Conselho de Anciãos).
Era uma cidade com grande sincretismo religioso. A deusa principal da cidade era a Nike – deusa da vitória; havia também um templo dedicado a Zeus/Júpter – pai de todos os deuses, Neptuno/Posseidos - deusa do mar; Isis e Osires – deuses de Egipto e outros, culto dedicado a Dionísio-Baco, um culto de mistério com fortes ligações com a vida post-morte. Praticava-se também o culto ao imperador como forma de conservar o privilégio de cidade livre. Os judeus sabiam disso e acusaram Paulo e seus companheiros de propor um outro rei – Jesus (Act 17,7).
Paulo permaneceu apenas três semanas nesta cidade (Act 17,2), mas segundo as cartas supõe-se alguns meses pois teve de se aplicar a actividades manuais para garantir o próprio sustento (1Ts 2,9; 4,11). Neste tempo construiu uma numerosa comunidade formada sobretudo por pagãos (Ts 2,10) com organização. Quanto às classes sociais dos cristãos (Act 17,4) fala de “damas da sociedade”; membros das classes média e alta, escravos, artesãos e mercadores.
Paulo dirigiu-se primeiro aos judeus durante três sábados na Sinagoga (Act 17,2). A pregação resultou (Act 17,4), mas uma insurreição dos judeus obrigou-o a figir da cidade com seus companheiros. Os judeus incitaram pagãos contra Paulo e contra os neo-convertidos, os cristãos eram objecto de calúnia protagonizada pelos judeus.
As Cartas. Segundo Act 18,5 e Ts 3,6 as duas Cartas foram escritas durante a estadia de Paulo em Corinto pelos anos 50/51 ao longo da segunda viagem missionária. A 2Ts vem meses depois da 1Ts para clarificar a expressão “nós que estivermos vivos…” em 1Ts 4,15 que havia gerado mais preocupação sobre a iminente parusia. Na 2Ts procura clarificar este assunto descrevendo sinais que antecederão a vinda de Cristo (2,1-12) e exortando os cristãos ao trabalho (3,10-12).

1Ts: É fruto das informações que chegaram a Paulo por meio de Timóteo sobre a situação da jovem Igreja. É o primeiro escrito do NT. Narra as boas notícias dos cristãos de Tessalónica, pois se mantiveram firmes na fé, esperança e caridade, apesar das dificuldades e provas havidas (Cfr. 1,3; 3,6-8). Porém, a Comunidade não compreendera a doutrina sobre a parusia e se preocupava pela sorte dos seus membros mortos antes da vinda de Cristo (4,13). Isto gerava desvios morais, angústias, tristezas e ociosidade.
A Carta foi redigida e enviada de Corito através de Timóteo (3,2) respondendo às seguintes questões:
- O que sucederá aos mortos? (4,13-18): Resposta de Paulo (14-16)
- Quando será a Parusia? (5,1-11: Resposta de Paulo (5,2; Cfr. Mt24,36)
Paulo não sabe mas teremos que nos apresentar diante do Senhor (5,2; Mt 24,36) ou diante do Pai (1,3; 3,13) com perspectiva de esperança.
Nisto, a Carta visava:
a)                       Encorajar os cristãos na fé e agradecer a sua entrega ao trabalho (1-3);
b)                       Corrigir os desvios e expor devidamente a doutrina da ressurreição dos mortos e da Parusia (4,13-5,10).
2Ts: A metade desta é cópia da primeira e cita duas vezes (2,15 e 3,14). O autor não diferencia esta da primeira, mas o fundo desta segunda é aprofundar e esclarecer o tema escatológico da vinda iminente do senhor. Esta é a ocasião da segunda.

Autor: Como em Rm, 1/2Cor e Gl questiona-se a autenticidade pelos seguintes motivos:
- Paulo com a sua Teologia polémica rompeu as boas relações com toda a Igreja representada por Pedro e Barnabé, mas este facto não se verifica nesta Carta.
- Paulo não seria capaz de estar diante das Igrejas judias/Sinagogas com judeus como se diz em 2,14-16, senão enfrentando as Igrejas judias.

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