sexta-feira, 19 de abril de 2013

OS PORTUGUESES EM MOÇAMBIQUE V

A escravatura e os missionários
Aconteceu que muitos missionários no decorrer do tempo se foram metendo no negócio de escravos e anexaram terras tornando-se assim verdadeiros Prazeiros. As coisas foram piorando até que às vezes os dirigentes dos missionários tiveram que expulsar muitos Padres missionários das suas fileiras. Outras vezes era o próprio governo que tinha de tomar medidas, porque as companhias de missionários se tornavam poderosas que disputavam o poder e a autoridade do próprio rei de Portugal. Esses missionários exerciam uma influência decisiva na colonização. Os missionários que mais activamente estiveram presentes em Moçambique foram os da companhia dominicana, ou seja os Dominicanos. Todo o seu trabalho de explorador se exercia ao longo do rio Zambeze, na grande região onde abundavam muitos prazos. Fora dessa região pouco ou nenhuns Dominicanos se encontravam.
Os primeiros portugueses que foram se instalar em Moçambique foram ladrões, assassinos e bandidos que eram enviados de castigo ou decreto, donde o nome que se lhes deu, degradados. Nos meados do Século XVII, esses degredados iam para Moçambique cumprir as suas penas. A maior parte deles era deixada a sua chegada e imediatamente se lançava na exploração dos povos de Moçambique. Esses degredados, eram os primeiros vendedores de escravos e fabricavam armas de fogo e munições que iam vender a certos chefes de tribo ansiosos de derrotar um inimigo. Muitas vezes constituía pequenos exércitos armado de mercenário isto é soldados pagos que iam lutar ao lado de quem lhes dava mais dinheiro. O interesse da maioria dos degredados era ganhar dinheiro antes de voltar para Portugal.
Outros que se instalaram em Moçambique no Século XVII foram os soldados portugueses que tinham lutado contra Monomotapa e que se tinham instalado nas feitorias em Tete e Sena ou ao longo do rio Zambeze onde começaram a fazer comércio. Pouco tempo depois, os soldados juntaram-se aos degredados na exploração do povo moçambicano. No princípio, a coroa portuguesa não pós obstáculo dos degredados e dos soldados e com o decorrer do tempo depois de Portugal ter perdido a maior parte das suas possessões na Índia, e assim ter acabado com o comércio com o Oriente, a coroa Portuguesa passou a dedicar mais atenção às feitorias do rio Zambeze.
Portanto, muitos capitães das feitorias receberam ordens para impedir que os comerciantes (degredados e soldados portugueses) fizessem comércio com os árabes. Aconteceu que os comerciantes muitas vezes iam com os seus exércitos e atacavam capitães que não tinha autoridades sobre eles. Entretanto, a partir dos meados do século XVII os degredados e os antigos soldados portugueses que se encontravam em Moçambique passaram a fazer um negócio rendoso o comércio dos escravos.
 Os escravos eram-lhes fornecidos pêlos próprios africanos que ao lutarem contra outra tribo vendiam prisioneiros aos portugueses. Estes por sua vez iam vendê-lo aos árabes que os levavam para Arábia e outros países do médio Oriente. Com isso, a coroa portuguesa no século XVII fazia a escravatura mas só na costa ocidental de África. E, as novas possessões portuguesas no Brasil necessitavam de grande número de mão- de- obra barata para poderem lucrar muito. Portanto estes soldados portugueses e degradados foram-se instalando, semeando terror entre as várias tribos e conquistando terras. Desta forma, conseguiram arranjar grandes terrenos onde eles dominavam como Senhores absolutos, fazendo a lei e estabelecendo impostos.
No início do século XVII o governo Português teve que acabar a situação, procurando acabar o poder e autoridade degredada e antigos soldados. Resolveu também fazer uma tentativa de pelo menos poder controlar a situação. Por isso, nasceu a ideia de enviar para o Sudeste da África indivíduos a que concedia uma parcela de terreno por um determinado prazo de tempo. Dai o nome de prazo que foi atribuído a esse sistema. É evidente que a concessão de terra era teórica porque o governo português não tinha autoridade suficiente sobre essas mesmas terras.[1]

A escravidão
A escravatura continuou sendo um assunto doméstico durante muito tempo. Os escravos dos Prazeiros eram geralmente leais aos seus donos, mas constituíam um problema para as tribos livres. O missionário mais famoso na consideração dos africanos foi o Padre Pedro da Santíssima Trindade, que tinha 1.600 escravos. Desde 1710 1754 viveu em Zumbo, lugar onde tinha fixado residência para os portugueses que fugiram de Changamira. Portanto, quando os holandeses ocuparam a Zona de Angola em 1640, e puseram fim ao comércio de escravos os portugueses começaram a mandar ao Brasil escravos da Zambézia. Este comércio parou bastante cedo mas renasceu no século XIX, quando a maior dos portugueses já tinham abandonado o país. A povoação mista cooperava os comerciantes árabes no tráfego dos escravos. Quando o comércio do ouro terminou, o comércio dos escravos converteu-se quase na única fonte de entrada para os prazeiros. Esta prática inumana despovoou o país.[2]


[1] Htt://macua. Org/ livro/VI.htm. acesso no dia 6/3/2012,as 15.17h.
[2] JOHN BAUR, 2000 Anos de Cristianismo Em África, p.82.

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